
Resolvi fazer uma enquete no Instagram sobre ir ou não embora do Brasil. Por enquanto, a emigração está vencendo de goleada…
Um dos votos “sim” é meu. Nunca tive tanta vontade de ir embora como neste momento desesperador pelo qual o Brasil passa. São três os fatores que me impedem: família, dinheiro (não tenho o suficiente para me manter por mais de dois meses fora) e pandemia (nenhum país que se preze deixaria entrar oriundos de um lugar onde o vírus corre solto).
A realidade, então, se impõe: não posso realizar minha vontade. Terei de ficar no Brasil.
Mas não ficarei “em vão”. Farei de tudo para sobreviver (na situação atual da pandemia isso não é exagero, só ver a quantidade de jovens sem comorbidades em UTIs) pois, quando isso tudo passar, pretendo pelo menos planejar uma mudança para o interior, onde o custo de vida é mais baixo.
E o fundamental: como graduado em História e testemunha de um genocídio em curso, passarei o resto da vida lembrando por que chegamos a isso. É obrigação moral e dever profissional, ainda que eu não exerça o ofício de historiador.
O meu maior erro em 2018 foi acreditar que o bom senso prevaleceria. Não aconteceu. Muitas pessoas me decepcionaram: o ódio ao PT falou mais alto e tornou aceitável o voto em alguém que defende tortura e fuzilamento de adversários políticos. Aceito desculpas de quem se arrependeu, mas só se ele for real – ou seja, se a pessoa pudesse voltar ao segundo turno daquela eleição, digitaria “13” ao invés de “17” (não aceito voto nulo, pois era um momento em que ninguém deveria se omitir).
Perdoo, mas não esqueço. Uma das minhas virtudes é ter boa memória. Até o último dia da minha vida lembrarei de quem foi, ainda que “sem querer” (querendo?), cúmplice da barbárie.
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