Ontem, 24 de março de 2021, a Argentina lembrou o 45º aniversário do golpe militar que instaurou a mais sanguinária ditadura pela qual o país já passou. Em apenas sete anos de duração (1976-1983), o chamado “Processo de Reorganização Nacional” causou a morte e/ou o desaparecimento de aproximadamente 30 mil pessoas.
No mesmo 24 de março de 2021, o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortes por covid-19. Desde o começo da pandemia o governo federal sabotou todas as medidas para combatê-la (distanciamento social, uso de máscaras e vacinação em massa) e ainda inventou um tal de “tratamento precoce” que em muitos casos só piora as coisas. Resolveu “se mexer” (mas só um pouco) quando seu principal adversário político voltou a poder concorrer à presidência.
A jurisprudência moderna argentina considera a morte e/ou desaparição de 30 mil pessoas em sete anos como um genocídio. Jorge Rafael Videla, general que chefiou a ditadura de 1976 a 1981, foi condenado à prisão perpétua e morreu na cadeia aos 87 anos, em 2013. E foi apenas um entre vários militares condenados por crimes contra a humanidade.
A omissão (para dizer o mínimo) do governo brasileiro fez (até agora) dez vezes mais vítimas que a pior ditadura da história argentina. E sete vezes mais rápido.
Lembram do que nosso atual presidente falou em 1999, quando era apenas um exótico deputado do “baixo clero”? Objetivo pessoal alcançado, dez vezes.