A tentação da palavra “renovação”

“Renovação” é geralmente associada a “mudança”. Afinal, quando algo é “novo”, é diferente, né? Logo, quer dizer que houve mudança.

Na campanha eleitoral, temos ouvido vários candidatos falando em “renovar a política”. De fato, acho interessante eleger pessoas diferentes das que já ocupam cargos políticos, mas desde que “tenham conteúdo”. Não podemos nos iludir e achar que basta “colocar gente nova lá”: isso pode fazer com que um novo oportunista ocupe o lugar de um antigo honesto (sim, existem!). Sem contar que mudar apenas por mudar não é uma ideia muito inteligente: prova disso é o que aconteceu com Porto Alegre depois que José Fogaça assumiu a prefeitura em 2005 – ele foi eleito porque “era preciso mudar” depois de 16 anos de administrações do PT, pouco importando se para melhor ou para pior (que foi o que aconteceu).

Pois é situação semelhante que vive o Grêmio neste momento. No próximo sábado, será realizada a eleição para renovação (olha ela aí…) de 50% do Conselho Deliberativo do clube. As três chapas que concorrem apresentam-se como “novidade” (ainda mais com a má fase do Grêmio), mas a única que é, de fato, garantia de “gente nova” no conselho é a Terceira Via, composta por 100% de candidatos que jamais integraram o CD (e ela usa isso como mote de campanha). As outras duas, Renova Tricolor* e Dá-lhe Grêmio (“renovação com qualidade”), apesar de se utilizarem da “palavrinha mágica”, tem grande quantidade de “nomes velhos”.

Como já falei, embora ache interessante renovar, também não se pode fazê-lo de qualquer jeito (como prova a Porto Alegre de Fogaça). Embora seja tentador votar na Terceira Via só por ela ter apenas nomes novos, não podemos descartar bons conselheiros “antigos”. E é complicado que uma chapa tenha como principal critério para selecionar seus membros a condição de nunca terem sido conselheiros: assim fica mais difícil saber quem está disposto a colaborar com o Grêmio, e quem é apenas um novo oportunista (pois os velhos nós já conhecemos).

E além disso, ir de Terceira Via significa um voto a menos para a chapa Dá-lhe Grêmio, e também o risco maior de ambas não superarem a cláusula de barreira, que é de 30%: se as duas fazem, cada uma, 29,9% dos votos, a chapa Renova Tricolor, apoiada por Paulo Odone (que tipo de “novidade” é essa?) leva todas as cadeiras em disputa mesmo tendo apenas 40,2% do eleitorado. E isso é o que considero o pior que pode acontecer para o Grêmio.

Por fim, meu voto do próximo sábado não está decidido (a tendência é que eu vá de Dá-lhe Grêmio), certo mesmo é que não votarei Renova Tricolor.

E quanto ao dia 3 de outubro, só adianto que voto em Plínio de Arruda Sampaio para presidente do Brasil. Os outros votos, ainda não tenho totalmente decididos.

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* Como a chapa Renova Tricolor não tem página (pelo menos não achei), indico a nominata publicada no blog Grêmio Sempre Imortal, que também publicou as listas das outras duas chapas (disponíveis nas páginas de ambas).

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Atualização (06/09/2010, 11:19). O André Kruse (agradeço a ele) indicou em comentário o endereço da chapa Renova Tricolor.

11 comentários sobre “A tentação da palavra “renovação”

  1. Sempre que escuto falar em “Terceira Via” acabo me lembrando do sociológo inglês Anthony Giddens que, acreditando ter o capitalismo “vencido” nos aconselhava a se limitar a defender medidas “amortecedoras” dos impactos negativos do mesmo.

    Sua teoria acabou servindo na prática, até pelas propostas de uma espécie de “Estado necessário”, para o aprofundamento do desmonte do Estado de bem-estar social e o apoio da social democracia ao neoliberalismo. Giddens, por sua vez, terminou como assessor de Tony Blair e ainda deu uma declaração dizendo que os ingleses “não mereciam um homem como Blair” (não no sentido de Blair ser ruim mas no sentido dele ser muito para os ingleses! É mole?).

    • Não estou nem um pouco satisfeito com o atual momento do Grêmio, mas não quero de jeito nenhum que o Odone tenha maioria no conselho. Imagina se ele ganha a eleição pra presidente, e de repente inventa novamente de impôr um nome (como aquela vez com o Britto) e o conselho aprova? Pois em 2007, além da alta rejeição da torcida, o Britto também foi rejeitado pelo conselho, que não iria aclamá-lo.

      • Foram Odone, Koff e Cacalo que lançaram o nome do Britto.

        Esse teu raciocinio presume que todos os eleitos pela chapa renova tricolor serão vaquinhas de presépio do Odone, algo que eu não tenho como concordar.

        • Não acredito que serão todos “vaquinhas de presépio”, mas são apoiadores. E eu NÃO quero o Odone de volta.

          E lembro bem que o Koff e o Cacalo apoiaram o Britto – assim como o Duda. O que me faz pensar seriamente em votar NULO para presidente.

  2. Só pra dar um exemplo recente de como NÃO é assim que a coisa funciona. Odone defendia o chapão proposto pelo Cacalo. Foi demovido da ideia pelos grupos que compoe a Renova Tricolor

  3. Terceira Via, Rodrigão!
    Bah, to dentro desta de cabeça…
    Acho que é possível passarmos!
    E o Hélio tomou um tompo do conchavismo da chapa Dá-lhe Grêmio…
    E esta via, não tem em nada a ver com a citada pelo nozes aqui e em meu blog. Que se separem as coisas: futebol-clube de futebol e sociedade, por favor.

    • No blog da Terceira Via diz que não há nenhum de seus membros que também faça parte de outra chapa – a Dá-lhe Grêmio e a Renova Tricolor têm nove nomes em comum. Com isso, a Terceira Via ganha em CREDIBILIDADE.

      Li opiniões em outros blogs acerca da Dá-lhe Grêmio que estão me fazendo pensar mais em votar na Terceira Via, como por exemplo as reclamações anteriores da Dá-lhe Grêmio quanto a “enganarem o torcedor” dizendo que a eleição do sábado é pra presidente, quando na verdade é pro conselho; e agora falam em Fábio Koff PARA PRESIDENTE, numa clara manobra para obterem votos para o conselho.

  4. Somos um Grupo heterogêneo em idade, posição, profissão e pensamento

    Em resposta aquele que tem sido até agora o maior questionamento, sobre a nossa chapa, gostariamos de dizer que RESPEITAMOS a HISTÓRIA do GRÊMIO e estamos surgindo para AJUDAR a escreve-la, com a qualidade que ela MERECE em conjunto com aqueles 150 Conselheiros que permanecerão no CD para nos receber, SE o corpo de associados nos entender e ajudar a vencer a cláusula de BARREIRA. Se tivermos o mínimo sucesso seremos APENAS 45 entre 300 , menos de 1/6, sabiamente o estatuto do CLUBE tem sistemas de preservação da INSTITUIÇÃO.

    As notáveis, figuras de Patronos, Beneméritos, Presidentes, ex-Presidentes do Clube e do Conselho, têm garantido seu assento no CD GREMISTA ad eternum, também pelo Estatuto.

    Concluímos:

    A HISTÓRIA DO GRÊMIO JAMAIS SERÁ ESQUECIDA OU DESCONSIDERADA, AINDA MAIS POR NÓS, UM GRUPO DE “VELHOS”, “MADUROS” e “JOVENS”, QUE QUEREM AJUDAR A RETOMÁ-LA.

  5. Que renovação pregam as duas chapas (os de sempre), quando em suas nominatas constam 9 nomes em comum? Que renovação é esta? O “zelinho” deve ser uma grande fonte de renovação… Estamos votando na renovação de 50% do conselho, então , não acontecerá nenhuma “revolução radical” se a Terceira Via entrar lá. A Terceira Via vem com a proposta de se comprometer exclusivamente com o clube, o Grêmio em primeiro lugar. Presença em reuniões, ideias e projetos para , juntamente com os demais membros do CD, devolvermos o Grêmio campeão que todos queremos. Sem polarização, sem brigas por vaidades ou cargos.

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