Balança, essa mentirosa

Foi em março que descobri a estratégia do Milton Ribeiro para emagrecer: procurar perder um 1kg por mês. Afinal, quando o médico diz que é preciso perder 10kg, parece uma missão impossível, devido à pressa que se tem para tudo. Mas com paciência, é só aguentar 10 meses e emagrecer “a prestação”.

Naquela época eu tinha 80kg nas balanças de farmácia, então supus que na verdade seriam 79 e alguns quebrados, devido às roupas – que eram não muitas, pois ainda estávamos no verão. Assim, poderia chegar ao final do ano com 70, fazendo com que, finalmente, meu IMC (índice de massa corporal) voltasse aos saudáveis níveis do Século XX, ou seja, abaixo de 25 – o que também colaboraria para diminuir meu colesterol “ruim”, que ainda não superou os valores de referência para uma pessoa saudável, mas não falta muito pelo que apontou meu último exame, em dezembro de 2009. (Obviamente imaginei que, realmente chegando ao final de 2011 com 70kg, no Natal eu me sentiria livre para comer feito um urso logo depois do inverno… Maldito Natal.)

Até 11 de março, eu caminhava quase todos os finais de tarde na Redenção. Só deixava de fazê-lo quando chovia, ou tinha jogo do Grêmio (mas aí eu ia a pé para o Olímpico). Então veio aquele Gre-Cruz do dia 12, e o pé direito torcido: o médico recomendou evitar caminhadas em ritmo acelerado por 30 dias. Na hora previ que ganharia quilos, ao invés de perdê-los.

Só que aconteceu o contrário. No dia 21 de março, comecei no meu atual emprego, e com pouco dinheiro, procurava almoçar num buffet a quilo próximo, barato e com suco por conta da casa. Para gastar menos, comia menos… Uma periodontite também ajudou (mentira: dor de dente é uma legítima bosta): só podendo usar um lado da boca para mastigar, um dia meu almoço saiu mais barato que uma passagem de ônibus – tudo bem que a passagem está TRI cara, mas dá uma ideia do quão pouco comi aquele dia. E logo que o pé parou de incomodar (se bem que às vezes ele resolve encher o saco novamente), passei a ir e voltar do trabalho quase sempre caminhando – levo cerca de meia hora.

Passou-se o mês de abril e visivelmente emagreci. Só que no fim daquele mês, recebi o vale-alimentação, referente tanto aos dias trabalhados no fim de março e em abril, como por maio. Resultado: me “aburguesei”, comecei a almoçar em restaurantes mais próximos, mais caros… E a quantidade de comida no prato cresceu – afinal, não eram buffet a quilo. Bem feito: recuperei aquilo que tinha perdido. Decidi voltar ao buffet a quilo, mas como ele é mais longe e tem mais fila para se servir, não é com a mesma frequência de antes.

Resultado da brincadeira: estou cada vez mais longe da meta de ter 70kg em dezembro. Na última vez que me pesei, a balança apontou 81. Isso foi lá pela metade de junho.

Só que, como o título do post indica, balanças são mentirosas. Agora explico o porquê. É porque duas amigas me disseram que emagreci. Uma delas, eu não via desde novembro do ano passado; já a outra eu vejo com um pouco mais de frequencia (uma ou duas vezes por mês), e quase sempre ela me acha mais magro – nesse ritmo, me desmaterializarei em alguns anos. Assim, fica mais fácil deixar de levar em consideração a opinião de outras mulheres como a minha mãe (que não cansa de dizer que estou cada vez mais gordo), ou a minha avó (que não me acha gordo, e sim forte). Se gente que não vejo toda hora diz que emagreci, não pode ser mentira, né?

E também lembrei de um detalhe quanto aos 81kg de junho: as roupas. Que no inverno pesam mais, logo, eu tinha menos de 80. Provavelmente os mesmos 79 e uns quebrados lá de março… Ou seja, é como se não tivesse saído do lugar – nem para o bem, nem para o mal. E é mais um motivo para preferir o inverno ao verão: sempre que nos pesarmos numa farmácia, não devemos levar muito a sério aquele número indicado pela balança, ela diz mais do que realmente temos. Viva!

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Em dezembro, estarei com 74kg. (Ou seja, a mentirosa marcará 75.)

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Atualização (13/07/2011, 20:38). Esqueci de mencionar a gripe que tive na penúltima semana de junho, depois de ter me pesado pela última vez. Vou ser otimista: não recuperei o que o camarada vírus me roubou. Logo, agora são 78kg…

2 comentários sobre “Balança, essa mentirosa

  1. Rodrigo,

    Absolutamente divertida essa tua crônica. :)

    No mais, como sabes, @Lubelskina e eu estamos em um processo bem-sucedido de reeducação alimentar que mudou completamente a nossa rotina e tem trazido resultados excelentes sem sacrifício. Basta ter disciplina e dar valor à saúde e ao investimento de tempo e dinheiro – sem contar o respeito ao trabalho e o interesse da nutricionista em querer ver seus pacientes atingirem seus objetivos.

    Em linhas gerais, independentemente do IMC, do paladar e do objetivo de pessoas sedentárias (ou quase), o importante é:

    1) Comer de 3 em 3h enquanto estiver acordado: o aparelho digestivo prepara-se para saciar as suas necessidades com maior frequência e isso reduz a necessidade de comer maiores quantidades por refeição;

    2) Não se repete prato;

    3) Largar refrigerante. Pra quem bebe álcool, cerveja e vinho devem ser apreciados moderadamente sem ser utilizados como substitutos para a água a fim de matar a sede (mentira: álcool não mata a sede e, sim, desidrata);

    4) Comer chocolate em quantidades muito pequenas: comemos dois bombons por semana;

    5) Largar salgadinhos e comer doces não como sobremesa e não como lanche, em pequenas quantidades e mais ou menos no mesmo ritmo do chocolate;

    6) Pão integral, de centeio ou com grãos: pão branco apenas transforma amido em açúcar e engorda pra burro. O trigo atual é muito pobre em nutrientes – enche a barriga e não alimenta quase nada. Vale o mesmo para biscoitos em geral;

    7) Substituir doces por frutas;

    8) No almoço, JAMAIS REPETIR. E SEMPRE por pelo menos 1/3 do prato de saladas, legumes e frutas;

    9) Reduzir ao máximo o consumo de frituras;

    10) Buffet a kg não obriga, não pede e não manda ninguém a atolar o prato de comida. Não é desperdício de dinheiro ver uma enorme variedade e quantidade de comida e escolher apenas algumas poucas variedades em pouca quantidade.

    Em três meses, perdi 10 kg. A Lu (pra mulher é sempre bem mais difícil) já perdeu 8 Kg. Eu estou na minha massa (não é peso!) ideal e ela está quase lá.

    Não é sacrifício: é hábito. Basta entender o que cada alimento traz de benefício e de prejuízo à saúde. Pressão baixa, colesterol baixo, articulações não-sacrificadas em vão, autoestima elevada e aumento na agilidade são vantagens que eu prezo muito e me deixa satisfeito.

    Agora… Nada garante que, no futuro, eu pare de dar valor a isso e degringole. Porém, me esforço ao máximo pra manter este novo costume, que só tem me feito bem! :)

    []’s,
    Hélio

    • Meu prato muitas vezes tem 100% de feijão. Em casa, costumo comer feijão com uma soja desidratada que compro numa feirinha aqui perto (a banca é de uns orientais, acho que japoneses). A soja purinha já é boa, com feijão então… De lamber os beiços! (Aliás, lembrei que sábado preciso comprar mais na feira.)

      Salada, como mais cenoura e cebola, já as outras (principalmente verduras), só descem se forem junto com feijão (sempre ele…), que ajuda a “matar” o gosto delas. :P

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