Uma receita do Chile: Tomatican

Meu pai, meu irmão e eu tivemos, no início de 2014, uma ideia diferente para nossos almoços de sábado: fazer uma comida típica de cada país participante da Copa do Mundo. A “Copa da Culinária”, como chamamos o “campeonato”, começou ainda em janeiro e se estenderá além do próprio Mundial – deve terminar no começo de outubro, se não houver mais nenhum contratempo.

O cozinheiro do sábado era este que vos escreve, com o dever de fazer uma receita do Chile. Pesquisei e achei um ensopado chamado Tomatican, apropriado para dias invernais – só uma pena que tenha esquentado bastante. Ainda mais devido ao problema que vou contar depois de passar a receita.


Ingredientes:

  • 400 gramas de alcatra em cubos;
  • 6 tomates médios sem pele;
  • 200 gramas de milho verde;
  • 2 cebolas médias em rodelas;
  • 2 colheres (sopa) de páprica picante;
  • 3 dentes de alho espremido;
  • 3 colheres (sopa) de azeite;
  • Sal, pimenta-do-reino e pimenta malagueta a gosto.

Modo de preparo:

Esquente o óleo em uma panela, acrescente carne, cebolas, alho, páprica, e deixe até dourar. Acrescente água, tomates, milho, sal e pimentas a gosto, tampe a panela e cozinhe em fogo baixo por 30 minutos. O caldo deve ficar bem espesso.

Para acompanhar o prato, batatas cozidas. E para beber, claro, algum dos ótimos vinhos tintos chilenos – que estão dentre os melhores do mundo.


Como avisei, tive problemas com a receita. E curiosamente, foi pelo fato de segui-la quase à risca (a única “invenção” foi pôr um pouco de vinho na mistura).

Como a panela que usei não era muito grande, os ingredientes foram cozidos com menos água do que deveria. Porém, pus as duas colheres de sopa de páprica picante… E com isso o sábado quente ficou ainda mais quente. Como a receita dizia que pimenta-do-reino e pimenta malagueta eram “a gosto”, optei por deixá-las de fora. Mas não foi suficiente para “esfriar” muito as coisas.

Resumindo: fiquei com vontade de fazer novamente, só para pôr menos páprica (ou mais água) e conseguir sentir melhor o sabor desse prato.

tomatican

O Tomatican sendo preparado. Pode – e deve – ser melhorado, de preferência ficando bem “vermelho”, como a camisa da Seleção Chilena.

Publicidade

Um sonho de verão

Final da tarde de sábado em Porto Alegre. Olho para a rua: chuva fina com vento. No rádio, o locutor anuncia a temperatura: 10 graus. Tempo ideal para comer um fondue de queijo, penso, e ligo para os amigos para fazer a irrecusável proposta. Me visto, e vou ao supermercado comprar os ingredientes.

Além do próprio queijo para fondue, gosto de incrementar a receita com o sempre delicioso gorgonzola. Fico na dúvida entre comprar ou não provolone, e então lembro que ele é bem complicado de derreter. Melhor deixar de fora.

Confiro a lista, falta pegar o vinho branco para adicionar à mistura; já tenho em casa o dente de alho para passar na panela. Antes de passar no caixa, olho para a prateleira e vejo uma goiabada que pede para ser comprada: se queijo com goiabada é um par digno de receber o apelido “Romeu e Julieta”, mergulhar o doce no fondue me parece ser o casamento do século. Nem penso mais vezes, e a goiabada já está no meu cestinho.

Pago as compras, e vou para casa. No caminho, me sinto extremamente feliz pelo momento vivido. Ao contrário do que insistem em dizer, não é o calor, mas sim a ausência dele, que me traz a plenitude da vida.

Quando chego à porta do prédio, começo a escutar sons estranhos. Um zumbido persistente, acompanhado de um sinal intermitente. Entro no elevador, e à medida que ele sobe, a intensidade do barulho aumenta. Saio, e à porta do apartamento, o ruído é ensurdecedor, tapo os ouvidos para me proteger.

Então percebo que estou na minha cama. Toco na função “soneca” do despertador, para dormir mais alguns minutos, mas faço isso várias vezes. Depois de um tempo, finalmente levanto, e desligo o ar condicionado, silenciando seu zumbido. Ligo o rádio, o locutor anuncia a temperatura daquela manhã de segunda-feira: 26 graus. Em seguida, o homem do tempo diz que à tarde pode chegar aos 40.

No caminho para o trabalho, fico na dúvida entre tomar sorvete ou água gelada para encarar a caminhada. E me pergunto se existe inverno em Porto Alegre.

Começa oficialmente mais um verão

E com isso, republico (com uma devida atualização) a lista dos motivos pelos quais prefiro o inverno ao verão, que postei pela primeira vez em julho.

  1. Odeio suar o tempo inteiro.
  2. O Sol não é meu inimigo no inverno – no verão nem adianta me encher de protetor, eu suo tudo.
  3. Os principais eventos esportivos (Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Copa América, Eurocopa etc.) acontecem entre junho e agosto, meses mais frios do ano no hemisfério sul.
  4. O Natal é no verão.
  5. O programa mais imbecil da televisão brasileira passa sempre no verão. Claro que não o assisto, mas me dá nojo ver como “o Brasil para” por causa desse lixo.
  6. No verão, eu bebo cerveja e suo. No inverno, ela me aquece (e não venham me dizer que isso é contradição: se for por isso, quem gosta do calor não devia ligar ventilador).
  7. Vinho não combina com 35°C.
  8. Economia de energia: no inverno não preciso ligar ventilador nem ar condicionado.
  9. Assistir a um filme enrolado num cobertor é muito bom!
  10. Verão no Rio Grande do Sul + futebol = Campeonato Gaúcho.
  11. Os mosquitos (espécie animal mais mala que existe) sofrem com o frio.
  12. Baratas, idem.
  13. A babaquice de algumas propagandas de cerveja aumenta exponencialmente no verão.
  14. Até o calor do inverno é melhor: tem dias que faz mais de 30°C e eu não suo, devido à baixa umidade (o que é raro no verão).
  15. Dizer que o nosso inverno é horrível é exagero dos bons: nunca se considerou Porto Alegre o lugar mais frio do mundo num dia. Agora, mais quente, sim… Inverno frio demais, é na Antártida ou na Sibéria.
  16. Não temo pelo meu computador em dias frios.
  17. Menos gente lê o Cão Uivador no verão.
  18. Comer chocolate no verão é um problema: ele fica todo molengão.

Parou por aí, porque por enquanto não lembrei de mais nenhum motivo – que poderá vir nos comentários.

Alguém poderá citar o sofrimento das pessoas mais pobres com o frio como motivo para preferir o verão, e a minha resposta é: a culpa não é do inverno!

————

Menos mal que, de acordo com as previsões, o fenômeno La Niña vai deixar o tempo menos úmido por aqui. Pois o que faz o verão ser terrível em #fornoalegre não é simplesmente o calor, e sim a umidade elevadíssima. A ponto de muitas vezes uma caminhadinha de 50 metros se traduzir num banho de suor, mesmo que a temperatura esteja abaixo de 30°C.

Uma pena que o La Niña seja também ruim para a agricultura, por provocar estiagem. Mas não podemos simplesmente culpar o clima pelos problemas da agricultura.

De qualquer jeito, seja o calor seco ou úmido, começa junto com o verão a minha contagem regressiva para o outono: faltam 89 dias!

Bons motivos para eu preferir o inverno ao verão

  1. Não estou suado!
  2. O Sol não é meu inimigo nessa época – no verão nem adianta me encher de protetor, eu suo tudo.
  3. Os principais eventos esportivos (Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Copa América, Eurocopa etc.) acontecem entre junho e agosto, meses mais frios do ano no hemisfério sul.
  4. O Natal é no verão.
  5. O programa mais imbecil da televisão brasileira passa sempre no verão. Claro que não o assisto, mas me dá nojo ver como “o Brasil para” por causa desse lixo.
  6. No verão, eu bebo cerveja e suo. No inverno, ela me aquece (e não venham me dizer que isso é contradição: se for por isso, quem gosta do calor não devia ligar ventilador).
  7. Vinho não combina com 35°C.
  8. Economia de energia: faz uns três meses que não ligo o ventilador para dormir. Ar condicionado, então, só ligo quando o calor está muito forte, no frio eu dispenso.
  9. Assistir a um filme enrolado num cobertor é muito bom!
  10. Verão no Rio Grande do Sul + futebol = Campeonato Gaúcho.
  11. Os mosquitos (espécie animal mais mala que existe) estão todos encarangados de frio.
  12. Baratas, idem.
  13. A babaquice de algumas propagandas de cerveja aumenta exponencialmente no verão.
  14. Até o calor do inverno é melhor: semana passada fez 30°C em Porto Alegre e eu não suei, graças à baixa umidade.
  15. Dizer que o nosso inverno é horrível é exagero dos bons: nunca se considerou Porto Alegre o lugar mais frio do mundo num dia. Agora, mais quente, sim… Inverno frio demais, é na Antártida ou na Sibéria.
  16. Não temo pelo meu computador em dias frios.
  17. Menos gente lê o Cão Uivador no verão.
  18. Continuo sem suar!

Parou por aí, porque por enquanto não lembrei de mais nenhum motivo – que poderá vir nos comentários.

Alguém poderá citar o sofrimento das pessoas mais pobres com o frio como motivo para preferir o verão, e a minha resposta é: a culpa não é do inverno!

O dia mais esperado dos últimos meses

É hoje, 20 de março. Acabou a bosta do verão!!!

É um fato que merece ser bebemorado com uma cerveja gelada (e não pensem que isso é contradição: cerveja gelada cai bem em qualquer época do ano, e para quem não gosta de frio, não custa nada lembrar que o álcool esquenta o corpo).

Esse calorão desgraçado que tem feito desde novembro – com alguns breves intervalos – não deixará saudade nenhuma. Não tenho ideia de quantos litros de suor destilei desde então, mas certamente não foi pouco.

É verdade que o calor continua hoje em Porto Alegre (e agora ele merece o título de invasor – igual aos Estados Unidos no Iraque, há exatos sete anos completados hoje). Mas há a esperança de, em breve, voltar seco da rua, sem aquele fedorão provocado pelo suor. Assim como de usar um casaco, por mais leve que seja: tem gente que detesta, eu simplesmente adoro, muito melhor do que vestir bermuda e camiseta e mesmo assim suar.

Tem também as maravilhas culinárias que caem bem quando faz frio. Sopão, fondue… Além de uma boa feijoada – é bom em qualquer época do ano, é verdade, mas no frio é muito melhor. Para acompanhar, um bom vinho – que definitivamente, não combina com o abafamento do verão de Porto Alegre.

Enfim, que venha logo o que a melhor estação do ano proporciona!

Sim, é o outono a minha estação preferida! Por um motivo muito simples: depois dele, vem o inverno… Não há aquela triste perspectiva de que as coisas só tendem a piorar nos próximos meses.