Eu tinha prometido escrever observações sobre o #BlogProgRS, encerrado domingo. Então, já passa da hora de cumprir a promessa. Não falarei especificamente sobre cada asssunto tratado, já que o texto ficaria muito longo, então opto por tratar de alguns aspectos.
Assim como o Alexandre Haubrich, quando vi a programação fiquei com receio de que o encontro servisse apenas para exaltar os governos Dilma e Tarso, já que a maioria esmagadora dos painelistas era ligada ao PT – quando não, inclusive, ao governo do Estado. Faltavam nomes como o do Hélio Paz, e também o pessoal do Coletivo Catarse, que faz um trabalho sensacional.
Felizmente, meu receio não se confirmou (apesar de alguns pesares dos quais falarei mais abaixo). O governo Dilma, se não foi tão criticado como eu achava que poderia ter sido, pelo menos não foi poupado – afinal, a retirada da licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura, a tentativa de conciliação com a mídia (lembram?) e a “blindagem” de Antonio Palocci não são coisas fáceis de serem toleradas. Senti falta de críticas à suspensão do kit anti-homofobia; quanto ao fim do Plano Nacional de Banda Larga como foi idealizado por Lula, vamos dar um desconto: a notícia saiu ontem, quando o encontro já havia acabado, assim não foi possível criticar a presidenta por isso (e estou ansioso para saber a opinião dos “governistas acima de tudo” sobre o assunto).
O que assisti do encontro foi bastante interessante. A apresentação de Marcelo Branco sobre as ameaças à liberdade na internet foi excelente, e bastante didática. Altamiro Borges expressou sua opinião contrária à criação de uma “associação de blogs”, devido ao risco de criação de uma estrutura verticalizada que poderia acabar excluindo alguns blogs que não seguissem exatamente a mesma linha da “chefia” (nem preciso dizer que concordo com ele, né?). Eduardo Guimarães lembrou que, enquanto não for quebrada a neutralidade da internet (ameaça que foi bastante comentada na apresentação de Marcelo Branco), ela irá subverter a antiga lógica segundo a qual apenas os poderosos podem “falar alto”. Também me agradou bastante a defesa por parte de Renato Rovai da diversidade de opiniões entre os blogs (o que vai ao encontro do que disse Altamiro Borges), com uma frase que achei sensacional: “A beleza da blogosfera é que nem todas as flores são da mesma cor”.
Agora, conforme o prometido, passando aos “pesares”…
Primeiro: na sexta à noite, a primeira mesa foi aberta por Marcelo Ribas, representando Vera Spolidoro, Secretária de Comunicação e Inclusão Digital, que não teve como comparecer. Tudo bem, o governo Tarso tem algumas medidas bem interessantes para a comunicação – como o Gabinete Digital – e apoiou a realização do #BlogProgRS. Mas acho que um encontro de blogueir@s não deveria ser aberto por um representante do governo, como aconteceu. Eu preferia alguém que escreve em blog na fala de abertura.
Outra falha, bem lembrada pelo Alexandre, foi a distração que deixou o blog oficial do encontro em Copyright – quando durante boa parte do evento se defendeu o Copyleft e o Creative Commons. O erro, vale ressaltar, já foi corrigido.
Algo que também critico é o próprio nome oficial: “Encontro de blogueir@s e tuiteir@s do RS” (#BlogProgRS se deveu ao primeiro encontro nacional, o #BlogProg, acontecido em agosto de 2010). Embora fosse claramente um evento de esquerda, nada impediria que um reacionário se increvesse: se perguntassem por que ele estava lá, era só responder que tinha blog (e o que não falta são reaças que escrevem blogs e têm conta no Twitter – lembram da Mayara Petruso?).
Quanto à organização, gostei: foi possível acompanhar o #BlogProgRS mesmo de casa (como fiz no domingo, quando decidi dormir até mais tarde depois de seis dias seguidos acordando cedo) graças à transmissão ao vivo da TV Software Livre; assim como o Twitter também possibilitava a interação com os participantes. Afinal, mesmo que o mais bacana seja o contato presencial, um encontro de blogueir@s não pode se dar apenas “analogicamente” (como foi minha participação, anotando no papel ao invés de tuitar, já que não tenho laptop).
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