A vida do pedestre em Porto Alegre é complicada. Perde-se muito tempo em semáforos concebidos apenas para facilitar o fluxo de veículos motorizados, nunca de quem anda a pé. Mas, segundo aquele velho ditado, “nada está tão ruim que não possa piorar”.
Como mostrou o final da tarde desta quarta-feira, quando um dilúvio desabou sobre a cidade. Ao latifúndio de tempo para os veículos motorizados, somou-se a completa falta de educação da maioria esmagadora dos motoristas porto-alegrenses. (Sem contar as poças d’água que obrigam os pedestres a verdadeiros malabarismos para poderem seguir em frente.)
Já é ruim quando param sobre a faixa de segurança devido a congestionamentos (que também servem de desculpa para várias outras infrações), quando chove é ainda pior, pois quem anda a pé precisa esperar mais tempo sob chuva. Sem contar os condutores que têm “espírito de porco” e passam em alta velocidade em pontos com água acumulada (demonstrando também que são extremamente imprudentes, pois frear em pista molhada é bem mais complicado), dando “banho” nos pedestres próximos e até mesmo atrapalhando a vida de outros motoristas, devido ao “spray” sobre o para-brisa que prejudica muito a visibilidade.
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Para coibir tudo isso (além de outras barbaridades) existe algo chamado Código de Trânsito Brasileiro. Porém, como o trânsito de Porto Alegre – e de muitas outras cidades brasileiras – demonstra, para a maioria dos motoristas o CTB é apenas aquele conteúdo chato que tem de ser estudado para a prova teórica que todos são obrigados a fazer antes das aulas práticas de direção, sendo esquecido após a aprovação.
Depois, quando esse motorista que esquece o CTB é multado por andar acima da velocidade permitida (aquele número seguido por “km/h” que aparece em várias placas), grita contra a “indústria da multa” e diz que a fiscalização de trânsito deveria ser “mais educativa e menos punitiva”. E certos (de)formadores de opinião apenas amplificam tal sandice.
Porém, ele não é mais alguém que precise ser educado – se fosse, não poderia estar ao volante de um automóvel. Portanto, a única “educação” possível para eles é aquela que doa no bolso.