Para onde foi toda esta papelada?

Fui votar por volta do meio-dia, por acreditar que teria menos gente em horário de almoço. Mero engano… Minha seção tinha uma fila que lembrava muito o trânsito de Porto Alegre: não andava. E assim, além de esperar muito, também passei bastante calor, pois não corria sequer um ventinho.

Quando me dirigia à seção eleitoral, reparei na grande quantidade de santinhos atirados na rua. E assim como fiz em 2010, decidi fotografar.

O calorão que fazia na hora que fui votar só podia indicar uma coisa: chuva. Pois bem: já choveu à tarde em Porto Alegre, e ainda deve vir mais água. E essa papelada toda, que poderia muito bem ser reciclada, já está na rede de esgoto pluvial ou entupindo bueiros (leia-se “contribuindo para alagar a cidade”).

Mas também é bom não esquecer de uma coisa: cuidado para não culpar só os candidatos. De nada adianta o eleitor pegar um santinho e jogar no chão, contribuindo com a sujeirada (sim, isso acontece muito).

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A natureza “dá o troco”

O violento terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em 11 de março de 2011 não se resumiu a devastar a região atingida pelas ondas gigantes. As águas trataram de “levar embora” muitos resíduos. Material que não afundou no mar, mas sim, foi levado pelas correntes marítimas do Oceano Pacífico.

Porém, mesmo sem tsunami, todos os dias muitos resíduos são “levados embora” pelo mar. É o lixo produzido pelo homem, jogado diretamente no oceano ou nas ruas (sendo levado pelas chuvas e acabando no mar). Que assim como os restos do tsunami, é conduzido pelas correntes marinhas e se concentra em “ilhas de lixo”, devido ao efeito de “giro” das correntes marítimas. São conhecidas pelo menos três delas, formadas principalmente por plástico: a Grande Porção de Lixo do Pacífico Norte, a Grande Porção de Lixo do Atlântico Norte, e a Grande Porção de Lixo do Índico. Mas provavelmente haja mais – no Atlântico Sul, que banha o Brasil, por exemplo.

Mas se engana quem pensa que o lixo se concentra nas “ilhas” e fica por lá. Diversos fatores, como tempestades, podem fazê-lo se deslocar e atingir lugares muito distantes. Os resíduos do tsunami de 2011 no Japão, por exemplo, já estão chegando à costa ocidental da América do Norte – e não é apenas plástico e restos de construções.

Desta forma, tanto os animais que habitam tais regiões oceânicas como os que vivem distante das “ilhas de lixo” sofrem as consequências. Alguns sofrem deformações devido ao plástico ingerido, outros acabam morrendo. E se considerarmos que existe algo chamado “cadeia alimentar”, chegamos à conclusão de que este lixo aparentemente “perdido” no meio do mar também acaba no estômago humano.

Cigarro polui a cidade

Como é de costume aos sábados, fui almoçar na casa da minha avó. No caminho, meu irmão e eu decidimos contar quantas bitucas de cigarro estavam jogadas nas ruas que percorremos.

O caminho é curto, mas conseguimos perder a conta. Estimamos que o número seja de aproximadamente 250. Isso apenas considerando as calçadas pelas quais passamos, sem o outro lado da rua. E que isso foi hoje, apenas num pedacinho de Porto Alegre, sem contar a cidade inteira, todos os dias. O número já fica inimaginável.

Muitos fumantes jogam as bitucas no chão usando o “argumento” de que não há lixeiras específicas para o lixo que produzem, ou seja, “cinzeiros públicos” (jogar o cigarro recém fumado em uma lixeira com papel pode provocar fogo). É um “argumento” semelhante ao que muita gente que joga lixo na rua usa: “não encontro lixeiras”.

Obviamente se deve cobrar isso das autoridades, mas não serve de desculpa: é só carregar o que se quer jogar fora até uma lixeira. Se for o caso, levar para casa e lá colocar no lixo. O cigarro, basta pisar em cima dele para apagá-lo, e assim ele pode ser largado na lixeira sem risco de causar fogo.

As bitucas de cigarro, como todo o lixo jogado nas ruas, ajudam a entupir bueiros (principal causa dos alagamentos) e levam muitos anos até se decomporem – com todas as porcarias que as integram. É possível reciclá-las, mas acho melhor ainda não fumar.

Campanha antidemocrática

"Cabos eleitorais do Serra", por Carlos Latuff

Quando anunciei minha mudança de voto no primeiro turno, de Plínio para Dilma, meu amigo Diego Rodrigues, que foi de Marina, criticou a decisão. Pelo que entendi, não foi por meu voto em si, mas sim pela motivação: declarei que iria votar contra a realização de um segundo turno nesta eleição presidencial de 2010, devido ao jogo sujo da direita. O Diego afirmou que era muito problemático a candidata petista ser eleita apenas por conta de “transferência de votos” gerada pela altíssima popularidade do presidente Lula, de cuja política Dilma representa a continuidade, e que seria “bom para o Brasil” a realização de um segundo turno – embora ele mesmo ache que o PSDB não tem projeto para o país.

Pois minha pergunta é: no que esta campanha para o segundo turno, que já é considerada mais suja até mesmo que a de 1989 por quem tem lembranças “em primeira mão” (eu tinha oito anos, lembro, mas não entendia realmente o que acontecia), está sendo boa para o Brasil? Como o Diego mesmo disse, a campanha do PSDB deixa clara a ausência de um projeto para o país: ao invés de apresentar argumentos que sustentem a afirmação “Serra é o melhor para o Brasil” (da qual discordo), a maior preocupação é difamar Dilma. Vale tudo, até o repetido uso de mentiras, uma estratégia goebbeliana (Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, disse que “uma mentira muitas vezes repetida, torna-se verdade”).

Collor jogou sujo em 1989, utilizando-se de vários factoides para disseminar no eleitorado o medo de uma vitória do PT. Que iam desde o “anticomunismo” (enquanto os brasileiros escolhiam seu futuro presidente, os regimes burocráticos que se diziam “socialistas” caíam no Leste Europeu) até a declarações de que “os empresários iriam embora do Brasil” caso Lula fosse eleito. Mas não se chegou ao ponto de usar a religião como “arma política”, como está se vendo agora – Dilma já falou em “Deus” no seu programa (aliás, ela nunca negou ter fé), assim como Serra.

Como eu já declarei várias vezes, não acredito na existência de algum ser superior. Mesmo assim, me dou muito bem com gente que tem fé. Como religiões são baseadas em dogmas, e todo dogma é algo considerado “inquestionável”, evito discutir tal tema, ainda mais com amigos, por saber que não haverá a mínima possibilidade de alguma concordância (a não ser que esteja conversando com quem eu sei ser agnóstico ou ateu). Fé, definitivamente, trata-se de uma questão de foro íntimo: por mais que eu critique as religiões, sei que uma pessoa religiosa lerá o que eu escrevo e não deixará de ser religiosa; assim como ela poderá deixar um comentário falando sobre a existência de um ser superior, céu, inferno etc., e eu continuarei a não acreditar em nada disso.

O problema é que muita gente não tem a tolerância que, modéstia a parte, eu tenho com quem tem fé religiosa – e estes comigo. E quando Serra diz que se eleito defenderá “os valores cristãos”, o que ele faz (mesmo que não seja sua intenção) é estimular a intolerância religiosa num país cujo Estado é laico – ou seja, no qual seu presidente não deve defender “valores cristãos” ou de qualquer outra religião, e sim, o direito de todos os brasileiros, de quaisquer crenças (inclusive, os que não têm crença nenhuma), a se expressarem e acreditarem (ou não) no que quiserem.

E por conta disso, considero que a campanha de José Serra é, sim, antidemocrática. Pois a palavra “democracia” significa “governo do povo”, logo, exercido em nome de e para todos, não apenas para os que têm determinada fé.

Sujeirada eleitoral

Próximo à minha seção eleitoral, muitos e muitos “santinhos” emporcalhavam a rua. E o pior é que nem adianta instituir punição aos candidatos dos quais a papelada faz propaganda: aí seria capaz dos adversários espalharem a sujeirada…

O nosso Guaíba

Vídeo que mosta, em sequência de fotos obtidas durante passeio no Cisne Branco em 5 de abril de 2008, a imundície em nosso Guaíba. As legendas são baseadas em texto que escrevi no mesmo dia, após retornar do passeio.

Aliás, ao lembrar disso eu penso: por que perder tempo em estúpidas discussões quanto ao Guaíba ser rio ou lago? Pela lei é rio, mas a definição técnica deixemos para os acadêmicos (geólogos, geógrafos etc.) discutirem em seu espaço (ou seja, a universidade), e nos preocupemos em exigir que se pare de poluir o Guaíba!

2010: um tenso ano novo

Em menos de duas semanas estaremos oficialmente em 2010. Um “ano novo” que terá uma “novidade”: a campanha política mais suja da História do Brasil.

Isso pode parecer que já aconteceu em 2006. Mas em nada se compara ao que veremos no próximo ano. Na última eleição presidencial, a direita contava que, com a ajudinha da “grande mídia”, impediria a reeleição de Lula e voltaria ao governo. Mas a tática não deu certo, e o presidente obteve mais quatro anos dando uma verdadeira surra eleitoral em seu adversário no segundo turno.

A direita raivosa já percebeu que não basta ter uma ajudinha da “grande mídia”, nem pode contar que as pesquisas convençam os eleitores de que “tal candidato vai ganhar e não adianta nada fazer alguma coisa contra”. Como disse o Eugênio Neves em postagem no início de 2009, trava-se uma “batalha da informação”: os direitosos sabem que muita gente lê opiniões críticas escritas por diversos blogueiros de esquerda. Daí o aparecimento de diversos trolls, com o único objetivo de tumultuarem o debate feito nos comentários: muitas vezes financiadas pela direita, não interessa a tais figuras a troca de ideias, e sim a baixaria.

Como disse o Milton Ribeiro, realmente, 2010 “será uma coisa”. Nos preparemos para uma enxurrada de comentários toscos, ofensivos. Para os quais só vejo uma solução: a “tesoura”. Isso não é “censura”: cada blog publica os comentários que julgar convenientes; até porque a “grande mídia” se diz “imparcial” mas não publica muita coisa…

Cortar o barato dos trolls só beneficia o debate (que se realizado em alto nível incentiva também a participação de quem discorda mas não xinga, o que é excelente). Sem contar que as provocações têm muitas vezes o objetivo de gerar resposta que resulte em algum processo – principal arma dos direitosos para tentar calar a blogosfera, pois sabem que os blogueiros independentes não têm como enfrentar o poder econômico. Que o digam o Carlinhos Medeiros e o Antônio Arles, os mais recentes “notificados judicialmente”.

O transporte coletivo de Porto Alegre está ficando TRI… RUIM!

A atual administração municipal alardeia o fato de implantar a bilhetagem eletrônica, o TRI RUIM. Já sentimos a piora: toda vez que vou passar na roleta, mostro o cartão escolar para o cobrador (como acontecia antes), mas aí ele precisa apertar um botão para que eu possa aproximar o cartão do aparelho que lê os créditos (em dinheiro, o que me faz suspeitar que nos roubarão passagens quando houver aumento), e o processo nunca é rápido: culpa não do cobrador e sim do aparelho, que é lento. E dê-lhe fila para fora do ônibus, dê-lhe tempo perdido nas paradas onde bastante pessoas embarcam…

E agora, mais essa. Um leitor do Diário Gauche enviou e-mail ao Cristóvão Feil (redator do blog) relatando o que viu em um ônibus da linha 476 (Petrópolis/PUC) na noite de terça-feira, dia 25: baratas infestando todo o coletivo. Ele matou algumas, mas outras fugiram e se refugiaram nos dutos do ar condicionado: ou seja, imaginem a qualidade do ar que era oferecida aos passageiros do ônibus (e pensar que eu sempre fui tão favorável a ônibus com ar condicionado para enfrentar nosso verão sufocante e estimular o uso do transporte público oferecendo “qualidade”).

Claro que, para aparecerem baratas, o ônibus devia andar muito sujo. Pois existem passageiros mal-educados, que comem dentro dos coletivos e largam o papel sujo de comida no chão. Isso atrai baratas. Mas elas não aparecem rapidamente: certamente fazia muito tempo que não se passava sequer uma vassoura dentro daquele ônibus.

Ainda não tive “sorte” de ir até o Campus do Vale da UFRGS (onde estudo) com estas “ótimas” companhias, mas realmente os ônibus da Carris (empresa do veículo “embaratado” e que faz a linha D43, que uso para ir ao Vale) têm estado cada vez mais sujos, e mal conservados. No ano passado, o filtro do ar condicionado de um ônibus da linha D43 desprendeu-se parcialmente, jogando poeira nos passageiros sentados perto – e isso aconteceu poucos dias depois de um outro coletivo, também da Carris, ter perdido as rodas traseiras na Avenida Protásio Alves. Recentemente, um ônibus que peguei dava a impressão de que ia se desmontar, de tanto barulho que fazia enquanto se movimentava. E olha que não era dos mais velhos…

E o pior de tudo, é que não sei se a maioria da população de Porto Alegre, que usa ônibus diariamente, vai dar uma resposta dia 5 de outubro, nas urnas. Estes problemas que têm se verificado não só na Carris, mas no sistema de ônibus como um todo, não aconteciam até 2004.