Conforme o prometido em resposta ao comentário do Carmelo Cañas na postagem anterior, continuo com a discussão acerca de alguns fatos ocorridos na Vila Belmiro na última quarta-feira, quando Santos e Grêmio se enfrentaram pela Copa do Brasil.
Ele me contestou acerca da crítica aos torcedores que cantaram o Hino Riograndense enquanto era tocado o Hino Nacional Brasileiro, antes da partida. Lembrou algo que, de fato, acontece: em geral, no chamado “eixo Rio-São Paulo” há quem parece esquecer que nós aqui do Rio Grande do Sul também somos brasileiros, e assim cantar o hino do Estado enquanto era executado o Nacional se justificaria como “protesto”. É um argumento que merece ser levado em conta, claro, mas ainda acho mais interessante respeitarmos para que sejamos respeitados. E aí, se eles não respeitarem, temos um argumento mais a nosso favor.
Porém, no mesmo comentário, o Carmelo falou sobre algo ainda mais grave, e isso sim, merece nosso absoluto repúdio: os gritos de “filhos de nordestinos” de (alguns, diga-se de passagem) gremistas para santistas, como se isso fosse ofensa. O que me faz pensar mais acerca dos preconceitos regionais: somos nós, aqui no Rio Grande do Sul, os mais discriminados?
Se no “eixo Rio-São Paulo” há quem esqueça que o Rio Grande do Sul é Brasil, há tanto lá como aqui gente que dá a impressão de não considerar nortistas e nordestinos como brasileiros. E quando falamos mal da Globo por “só torcer contra os nossos times”, não podemos esquecer de uma das narrações mais escandalosas da história do futebol brasileiro: na partida decisiva da Copa do Brasil de 2008, Cleber Machado narrou o segundo gol do Sport contra o Corinthians como se tivesse sido marcado por um clube estrangeiro.
Enfim, entendo as reclamações aqui no Rio Grande do Sul quanto a “desprestígio” no centro do país (inclusive minha “monstrografia” de conclusão de curso falou justamente disso – e no futebol!). Mas antes de “chiarmos”, acho uma boa ideia verificarmos se nós mesmos não cometemos os atos que criticamos quando são contra nós.