Tivemos na terça-feira (22 de setembro) o equinócio de primavera no Hemisfério Sul, outono no Norte. Uma passagem que diz respeito ao calendário, “oficial”. Pois o instante inicial da nova estação em Porto Alegre tinha frio que mais lembrava o inverno recém-terminado.
Mas, por outro lado, o sol brilhava nos céus porto-alegrenses, sem nuvens a escondê-lo. Algo que tem sido raro nas últimas semanas. O início deste mês de setembro teve predomínio de dias nublados e chuvosos, com umidade altíssima que propiciou o surgimento de mofo em algumas partes aqui de casa. (Ao mesmo tempo, este tempo “murrinha” era tudo o que precisava a região do Pantanal, sob estiagem severa e que sofre com incêndios.)
Com seus “altos e baixos” de temperatura (se o começo da primavera teve frio, fez calor em pleno 18 de julho, que segundo minha mãe foi o primeiro aniversário dela que recorda de não ter sido gelado), o outono/inverno de 2020 foi talvez o mais “típico” dos últimos tempos, pelo menos no que sinto. Faz quase seis meses que não ligo o meu ar condicionado: a última vez foi (parece mentira) em 1º de abril, lembro que no dia seguinte choveu, esfriou e nunca mais o apartamento ficou quente demais, mesmo com alguns dias de calor que foram registrados. Bem diferente dos anos anteriores em que o verão se prolongou outono adentro.
Por outro lado, foi o primeiro inverno dos últimos anos que terminei sem celebrar que minha avó Luciana tivesse passado por ele: o falecimento dela se deu em 5 de junho, quando ainda era outono, embora o tempo já fosse tipicamente invernal (frio e chuva). Os últimos anos de vida dela foram marcados pelo sofrimento com as baixas temperaturas, por mais roupas que vestisse. Desde 2014, cada final de inverno era motivo digno de comemoração, por menos rigoroso que fosse. Em 2020 não houve o que festejar.
Ainda assim, tive um motivo para ver como positivo o equinócio. Pois este outono/inverno de 2020 foi também da covid-19, que aportou por aqui ainda no final do verão. Após uma situação relativamente tranquila nos primeiros meses, o Rio Grande do Sul (e consequentemente, Porto Alegre) teve uma escalada do contágio que coincidiu com a chegada do inverno. Foram tempos sombrios não apenas pelo pouco tempo de insolação ou pelo excesso de chuva (que também nos afligiu em julho).
A chegada da primavera, portanto, me dá um certo ânimo, embora continue detestando o calorão que marca o verão (do qual a atual estação é a “antessala”) em Porto Alegre. Até 19 de março de 2021 teremos mais da metade do dia com luz solar: bom para o sistema imunológico (vitamina D), e mais “iluminação” em contraponto às “trevas” que de certa forma enfrentamos nos últimos tempos independentemente da estação do ano.
Que esta primavera nos traga, de certa forma, algum tipo de “renascimento”. Duvido que alguém não esteja precisando nem um pouco de esperança em tempos tão tristes.