A chance da redenção (?)

No final de julho, não fui àquele Grêmio x Coritiba pela Copa Sul-Americana, por conta da chuvarada. E ainda critiquei a realização da partida naquelas condições. Dois dias depois, li o texto no Impedimento que quase me levou às lágrimas por não ter ido ao jogo…

Desde então, não deixei mais de ir ao Olímpico Monumental em nenhuma partida. Posso não ter assistido ao jogo contra o Atlético-GO (aquela das três promoções de uma vez só, o que não tinha como não resultar em muita gente fora do estádio), mas estive lá, tentei entrar. Não fiquei em casa. Será assim até o começo de dezembro que, espero, demore muito mais do que o normal para chegar: nem gosto de pensar que esse tempo se resume a apenas dois meses.

Porém, falta algo em especial, que perdi naquele jogo com o Coritiba. A partida pela Sul-Americana pode ter sido a última com chuvarada. Só de pensar que poderia ter deixado de ir ao último jogo de “polo aquático” no Olímpico, me deu aquele aperto no peito.

Porém, parece que o clima se mostrará favorável a meu chuvoso anseio. Há possibilidade (espero que se torne realidade) de chuva para este domingo, quando o Grêmio recebe o Santos. E em outubro deve chover mais do que o normal em Porto Alegre. Assim, certamente poderei me redimir mais de uma vez pela ausência naquele jogo contra o Coxa. (E o fato de que deve ter mais chuva fará com que sinta menos a possibilidade de ser a última partida “aquática”.)

Só que a previsão de muita chuva para outubro agora me causa outra preocupação: e se continuar assim em novembro e dezembro? Conseguirei assistir a um último jogo com sol no Olímpico?

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Banho no Largo Glênio Peres

Ontem à noite, o candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre, Adão Villaverde, realizou um comício no Largo Glênio Peres. Fazia um pouco de frio, com temperatura em torno dos 15°C.

Para quem não conhece Porto Alegre: o Largo Glênio Peres é um tradicional ponto de encontro do Centro, defronte ao também tradicional Mercado Público. Também sempre foi bastante utilizado para atos públicos (tipo comícios), feiras de artesanato, do peixe (que acontece todos os anos na semana da Páscoa). Ultimamente ele anda bem diferente: nos últimos tempos a prefeitura tem permitido que o largo, um espaço para pedestres, vire estacionamento de carros em determinados dias e horários. Além disso, o espaço foi adotado pela Coca-Cola, que já tratou de promover sua marca (em um espaço público!): além das placas, também instalou um boneco em tamanho gigante do tatu-bola que será mascote da Copa de 2014 (aliás, só tem sugestão ridícula de nome para ele); porém, o bicho não veste a camisa da Seleção, e sim, da própria Coca-Cola.

A empresa também bancou a instalação de 19 chafarizes no largo. Ainda não passei lá, mas vi as fotos e, sinceramente, achei meio bizarro: não há delimitação física da área dos jatos, para que a água acumule ali. Ou seja, os chafarizes do Largo Glênio Peres molham a calçada. E, sendo vários, já imagino que num dia de ventania como a quarta-feira passada, mesmo sem chuva seria preciso andar de guarda-chuva aberto.

Pois bem: ontem teve gente que foi ao comício do PT e tomou um banho, mesmo que não tenha chovido (aliás, o céu estava estrelado). Foram os tais chafarizes… Que deveriam estar desligados, conforme acordo da prefeitura com a campanha de Villaverde.

Agora voltemos ao começo do texto, atentando ao detalhe da temperatura. No verão é normal sentirmos um pouco de frio ao sairmos de uma piscina ou do mar, devido ao corpo estar molhado. Agora imagine estar molhado à noite, e com temperatura de 15°C ou menos…

O “cavalo encilhado” que Porto Alegre está deixando passar…

O dia de ontem amanheceu assim:

E anoiteceu assim:

Ano passado, eu já tinha lançado a ideia de que Porto Alegre deveria sediar um campeonato mundial de saltos sobre poças d’água. Como eu disse aquela vez, para isso não é preciso gastar uma grana com obras: basta deixar a cidade exatamente como está! Com calçadas que nem as nossas, ninguém nos supera na organização deste evento!

O mês em que o inverno enlouqueceu junto com os cães

Sempre ouvi dizer que agosto é o “mês do cachorro louco”. Não que eles de fato fiquem loucos nesta época: tem alguns que parecem estar sempre “malucos”, pouco importando o mês.

Imaginei que a tal “loucura” dos cães que é atribuída a agosto na verdade tivesse relação com a expressão “dias de cão” ou “canícula”, usadas para definir o auge do verão no hemisfério norte (e na França, as ondas de calor em qualquer época são chamadas de canicule). Lá, assim como aqui, os dias mais quentes costumam vir cerca de um mês após o solstício de verão: Porto Alegre costuma virar “Forno Alegre” com mais frequência entre o final de janeiro e a metade de fevereiro; já no hemisfério norte o calor mais intenso se dá entre o fim de julho e o meio de agosto.

E realmente, tem a ver com a tal “canícula”. Pois a estrela Sírius, a mais brilhante da constelação de Cão Maior (Canis Major), antigamente costumava surgir no horizonte antes do nascer do Sol justamente no período que corresponde ao auge do verão no hemisfério norte (hoje em dia, devido à precessão do eixo terrestre, a estrela “nasce” pouco antes do Sol em setembro). Daí se começou a associar os dias de muito calor aos cães que ficariam “loucos”.

Acredito que seja apenas coincidência, mas o vídeo abaixo foi postado em 27 de julho de 2006, portanto, em um dos “dias de cão” daquele ano:

Já deve ter gente rindo da minha cara, é óbvio. Afinal, detesto o verão, e os “dias de cão” são associados a calorão… Porém, prefiro outro ponto de vista: trata-se do verão no hemisfério norte, portanto, os “dias de cão” acontecem durante o inverno meridional. Logo, são realmente os “meus” dias.

Porém, neste agosto de 2012 parece que, se os cães enlouqueceram, o “rigoroso” inverno gaúcho resolveu imitá-los. Nas últimas noites, tenho ligado o ventilador para dormir, algo que não lembro de ter feito alguma vez nessa época do ano. (Inclusive ele está funcionando agora mesmo, enquanto escrevo.)

Mas não se trata apenas de ligar ventilador. Os ipês-roxos, que costumam florescer apenas em setembro e assim anunciam a chegada da primavera, já estão floridos agora. Ainda não vejo sinal de florescimento nos jacarandás (árvores que geralmente se enchem de flores em outubro), mas acredito que isso não deva tardar, devido ao tempo bizarro que temos visto em agosto.

As árvores floridas dão uma embelezada na cidade; porém, há o outro lado disso. Pois este mês quente também tem sido extremamente seco (dá para contar nos dedos de uma só mão quantos dias choveu até agora em agosto). A umidade relativa do ar tem andado em torno dos 20%, o que por um lado causa um desconforto menor pelo suor (que evapora rapidamente e sem nos dar aqueles “banhos” típicos do verão, quando a umidade é desesperadoramente alta), mas por outro resulta em outros problemas como ressecamento da pele e até das narinas (tanto que muita gente acaba sangrando pelo nariz, devido à secura do ar respirado).

Mas o pior é um fenômeno típico de São Paulo que tem nos atingido nos últimos dias: o chamado smog, que é literalmente um “nevoeiro de fumaça” (ou seja, poluição atmosférica). Toda vez que chove, o ar é “limpo” pela água que cai do céu; se por muitos dias a chuva não vem, o resultado não pode ser outro que não aquela névoa sobre a cidade. Quando o sol começa a baixar, ela fica mais perceptível. Resulta em um efeito bacana, mas logo depois lembro que a causa disso é um monte de porcarias no mesmo ar que adentra meu sistema respiratório, e já não acho mais tão bonito.

Porto Alegre, no final da tarde de sexta-feira. Parece bonito, mas não é.

Menos mal que, finalmente, a chuva está retornando junto com o frio…

O que me dá aquele aperto no coração

Não é um infarto. E sim, perceber que o fim do Estádio Olímpico Monumental está cada vez mais próximo, o que torna cada jogo uma espécie de “despedida”.

Foi assim contra o Palmeiras na Copa do Brasil, como bem lembrei – já tínhamos jogado contra eles no Brasileirão, e assim seria o último confronto no Olímpico, a não ser que os dois times se reencontrassem na Sul-Americana. Semana passada, tivemos o último Grêmio x Fluminense. E na última terça-feira, talvez o último “polo aquático” – não foi o último jogo contra o Coritiba pois ainda resta o returno do Campeonato Brasileiro.

O que incomoda é isso: cada jogo tem um clima de despedida. Último isso, último aquilo etc. Terça pode ter sido a última partida debaixo de temporal, e me arrependi profundamente de não ter ido (azar da gripe: agora já aceitava até pegar uma pneumonia, só para dizer que fiquei doente por ir ao Olímpico): espero que a previsão de chuva para o sábado esteja errada, e ela desabe domingo, na hora do jogo contra o Bahia, para que eu possa ir pela última vez ao Monumental debaixo de um aguaceiro caso não tenhamos nova chuvarada até o final do ano.

Ainda teremos no mínimo treze “despedidas”: é o número de jogos no Olímpico que o Grêmio ainda tem para disputar pelo Brasileirão. Caso o Tricolor vá até a final da Copa Sul-Americana, são quatro partidas a mais, e assim restam mais dezessete.

Ou seja, não tenho nem mais vinte jogos para ir no Olímpico. Só de pensar nisso dá aquele aperto no coração, e mesmo estando com os olhos secos neste momento, não consigo imaginá-los da mesma maneira em dezembro.

Copa Sul-Americana de Polo Aquático

Pela terceira vez desde que o último verão acabou, um jogo do Grêmio no Olímpico não teve a minha presença. Quase recuperado de uma leve gripe (acordei nesta terça sem dor de garganta pela primeira vez em dez dias), achei melhor não ir ao estádio com toda essa chuva, apesar da importância da partida contra o Coritiba. E, no fundo, tinha a esperança de que o bom senso prevalecesse e a estreia gremista na Copa Sul-Americana fosse adiada, visto que nem uma drenagem excelente como a do Olímpico (que não por acaso tem um dos melhores gramados do Brasil) consegue dar conta de tanta água.

Não foi. Mesmo com o campo transformado em uma piscina, o jogo aconteceu. Em comum com minhas outras duas ausências pós-verão de 2012 (2 a 0 contra o Fortaleza, em maio pela Copa do Brasil; e 1 a 0 contra o Fluminense, semana passada pelo Campeonato Brasileiro), o resultado positivo: vitória gremista por 1 a 0, o que não pode ser considerado pouco, se levarmos em conta as condições adversas, e também que das vitórias por um gol de diferença, o 1 a 0 é o melhor resultado quando o saldo qualificado é um dos critérios de desempate. Dessa forma, se marcar no Couto Pereira, dia 23, o Grêmio poderá perder por um gol de diferença para seguir na Sul-Americana.

Agora, definitivamente é um absurdo realizar uma partida de futebol num gramado encharcado. Trata-se de um prejuízo ao espetáculo, visto que a bola praticamente não corre, só restando a alternativa de jogar pelo alto – não por acaso, foi assim que saiu o único gol, marcado por André Lima, de cabeça; aumenta também a possibilidade de lesões, pois os já arriscados carrinhos tornam-se ainda mais perigosos, visto que os jogadores deslizam mais com a grama molhada. Sem contar o público reduzido devido à chuva forte: vamos combinar que um jogo com casa cheia sempre é mais bacana do que com pouca gente.

É por causa da televisão, alguém irá lembrar. Verdade. Porém, como explicar que em outros eventos esportivos com transmissão televisiva a chuva possa ocasionar interrupções e mesmo adiamentos? No tênis, basta começar a chover que as partidas são paralisadas – para muitas vezes só recomeçarem no dia seguinte.

Até mesmo no futebol temos um exemplo neste sentido. E foi na última Eurocopa! Na partida entre Ucrânia e França, um temporal com vento e muitos raios levou o árbitro a interromper o jogo, que ficou paralisado por cerca de uma hora. Azar da TV (do mundo todo), que teve de fazer um ajuste de última hora em sua programação: quem transmite ao vivo tem de estar preparado para isso.

Meu pé meteorologista

Ano passado, torci o pé direito quando entrava no Olímpico para assistir a um Gre-Cruz (e como se não bastasse a entorse, o Grêmio ainda inventou de perder). Fiquei alguns dias com o pé enfaixado, e mesmo após tirar a faixa ainda sentia um pouco de dor, que me acompanhou por algumas semanas.

Porém, vez que outra, o pé me volta a doer. A primeira vez pensei em procurar um traumatologista, mas dias depois a dor se foi “ao natural”. Quando pensei que poderia ser sinal de mudança no tempo, achei graça. Ora, como que com só 30 anos eu poderia vir com esse papo? Afinal, geralmente quem sente dores quando vai chover são pessoas de idade, que sofrem de problemas ósseos: as variações na pressão barométrica fazem as articulações incharem, causando dor.

Pois não é que me parece cada vez mais óbvio que torcer o pé direito o transformou num meteorologista? Várias vezes notei essas dores justamente quando a chuva se aproxima. Domingo ele começou a doer depois de bastante tempo (não por acaso, há várias semanas não chove forte em Porto Alegre), segunda piorou um pouco, pensei novamente em marcar consulta com um traumatologista. Então reparei no calorão típico do verão, que me fazia suar. No fim de maio, só podia ser sinal de chuva. Logo, não era mera casualidade a dor no pé…

O pé ainda dói, pois a chuva está se enrolando – aliás, como vem fazendo em todo o Rio Grande do Sul nos últimos meses. Mas tenho certeza de que, depois do mundo desabar e o sol voltar, meu pé voltará ao normal. E eu esquecerei do traumatologista, até a próxima dor – ou melhor, até a próxima mudança no tempo.

Dia da Terra

Charge do Kayser

Mas aproveitemos, pois a combinação que gera as algas (poluição, pouca chuva e calor) já acabou. A poluição continua (devendo seguir assim por muito tempo, infelizmente) e chuvas mais regulares provavelmente teremos só durante o inverno. Já o calor, finalmente, cedeu seu lugar ao friozinho que eu tanto aguardava…

Lagoa da Redenção

Formação de uma lagoa, segundo a Wikipédia (os grifos são meus):

Lagoas podem resultar de uma ampla gama de processos naturais, embora em muitas partes do mundo estes sejam fortemente condicionados pela atividade humana. Qualquer depressão no terreno que coleta e conserva uma quantidade suficiente de precipitação pode ser considerada uma lagoa, como as depressões formadas por eventos geológicos, como o tectonismo ou os glaciares.

Apresento aos leitores a mais jovem lagoa do Rio Grande do Sul: ela fica no Parque da Redenção (onde faz tempo que inexiste algo chamado “drenagem”). Durante o inverno é quase perene. No verão o calor faz com que ela evapore mais rápido após uma chuvarada – não fosse isso, teríamos um baita criadouro de mosquitos (dengue, lembram?) em uma das áreas mais movimentadas de Porto Alegre.

Domingo, na hora que passei pela Redenção para ir ao jogo do Grêmio, ela ainda estava lá, nos lembrando o quanto choveu sábado e também o quão malcuidada está a cidade.

Em Porto Alegre não falta alga

Desde o final do ano passado enfrentando uma estiagem, o Rio Grande do Sul precisa de chuva – como a deste sábado – para amenizar a situação. Várias cidades racionam água devido à escassez.

Em Porto Alegre o racionamento não chega a ser necessário em épocas de estiagem, já que o Guaíba recebe água de vários rios, sendo o principal deles o Jacuí. Porém, não corresponde à verdade dizer que o abastecimento de água na cidade não é afetado. Pois a combinação de pouca chuva, calor e poluição favorece a proliferação de algas, que além de darem uma tonalidade esverdeada à água, também a deixam com gosto ruim e cheiro forte.

Apesar do tratamento remover os poluentes, o cheirinho e o gostinho “de terra” não saem, e é sentido quando se toma um chimarrão ou um café feito com água da torneira.

Tal situação acontece agora, e o Kayser a retratou de forma genial.

Eu também não gosto de sushi...