Estranha Porto Alegre

Porto Alegre em um 26 de dezembro sempre tem uma cara completamente diferente de qualquer outro dia útil. Andando pelas ruas, não se vê aquela montoeira de carros passando, como acontece durante a maior parte do ano. É uma calmaria quase dominical, que causa impacto: acostumada com a grande movimentação, é notável o início de um ritmo mais calmo, que geralmente se estende até o Carnaval.

Mas Porto Alegre não estava simplesmente diferente neste 26 de dezembro de 2013. Estava estranha. Ruas limpíssimas. Calçadas em ótimo estado, sem oferecer risco de quedas. Todos os ônibus cumprindo seus horários. Semáforos para pedestres abrindo rápido, sem demorar um século. E para o pouco tempo de espera, sombras de generosas copas de árvores. Era tudo muito esquisito mesmo, parecia alguma pegadinha – afinal, não lembrava de ter me mudado para outra cidade, tão bem cuidada.

Charge do Kayser (fevereiro de 2010, mas é como se fosse dezembro de 2013)

Charge do Kayser (fevereiro de 2010, mas é como se fosse dezembro de 2013)

Agora entendi…

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Leite adulterado: vale tudo pelo lucro

Charge que o Kayser fez em 2007 e que, infelizmente, continua atual...

Charge que o Kayser fez em 2007 e que, infelizmente, continua atual…

A revelação por parte do Ministério Público do Rio Grande do Sul de que empresas adicionavam formol ao leite que vendiam causou indignação, por razões óbvias: quem beberia, em sã consciência, algo que contém uma substância cancerígena?

Mas não pensem que trata-se de caso isolado: a própria charge lembra que em 2007 houve escândalo semelhante. E sabe-se lá quantos outros produtos estão também adulterados por substâncias e que acabamos comprando (e ingerindo) sem saber.

Isso nada mais é do que resultado da lógica capitalista, segundo a qual o alimento não existe para nutrir as pessoas, mas sim para ser vendido. Traduzindo: tem de dar lucro. Obviamente não podemos generalizar: há muitas pessoas que não colocam o dinheiro acima de tudo, e optam pela honestidade mesmo que com isso seu negócio dê prejuízo. Porém, em outros casos a ganância fala mais alto, e aí vale tudo para lucrar. (Entendeu por que existe corrupção?)

O pior de tudo é que quem se ferra com isso somos nós, que bebemos leite com formol e achocolatado com detergente, comemos alimento velho com prazo de validade adulterado para parecer novo…

O verão bipolar de Porto Alegre

Das duas, uma: ou assamos, ou viramos ensopado.

Charge do Kayser, 14 de março de 2012

Muita gente tomou três banhos na segunda-feira: de suor, de chuva e de chuveiro. Acabei tomando só dois, pois já chegara em casa quando o aguaceiro começou. Já em março do ano passado, a chuvarada veio justamente quando estava indo trabalhar…

O dia em que Porto Alegre foi “uma cidade perfeita”

Ano passado comentei que o verão de Porto Alegre tem pelo menos duas coisas boas: além de ter fim, também é a época em que diminuem os congestionamentos e as filas.

Mas a verdade é que nessa terça-feira o calor foi tanto, que sair na rua (coisa que não me arrisquei a fazer) certamente faria a pessoa delirar e achar que a cidade está a coisa mais perfeita do mundo.

Charge que o Kayser desenhou em fevereiro de 2010 (quando o calor foi de “desmaiar o Batista”, mais ou menos como no Natal de 2012)

Não tem jeito

Charge do Kayser (2007). Se o Corinthians ganhar a Libertadores, a TV ganha junto...

Semana passada consegui torcer pelo Corinthians (quis ser “do contra” só por ser). Mas hoje, no jogo decisivo, não vai dar.

Não entro nessas de que “o Boca é o Brasil na final da Libertadores”. E nem na visão “global”, que dá tal papel ao Corinthians – afinal, sua torcida é uma das mais apaixonadas do país, mas não corresponde a nem metade dos brasileiros.

Aliás, essa ideia de que “o Corinthians é o Brasil” nem vale só para a Libertadores. Na decisão da Copa do Brasil de 2008, por exemplo, eu tinha a impressão de que Pernambuco era outro país, tamanha a “empolgação” com que os gols do Sport foram narrados.

Não quero nem imaginar o que será assistir televisão (coisa que já faço raramente) caso o Corinthians vença. Quando o Timão foi rebaixado em 2007, lembro que chegaram a transmitir ao vivo um treino do time antes da partida decisiva contra o Grêmio (que acabou empatada em 1 a 1). Agora, já tivemos programas especiais sobre o clube, antes mesmo da bola rolar (esquecem que o Boca adora oba-oba de adversário).

Pelo visto acham que a maioria dos brasileiros é formada por torcedores do Flamengo ou do Corinthians. Os dois clubes têm as duas maiores torcidas, é verdade, mas há um enorme contingente de brasileiros que não torce para nenhum dos dois: as cinco maiores torcidas não correspondem nem à metade da população do Brasil. (E repare que a maioria dos corintianos mora no estado de São Paulo.)

Dia da Terra

Charge do Kayser

Mas aproveitemos, pois a combinação que gera as algas (poluição, pouca chuva e calor) já acabou. A poluição continua (devendo seguir assim por muito tempo, infelizmente) e chuvas mais regulares provavelmente teremos só durante o inverno. Já o calor, finalmente, cedeu seu lugar ao friozinho que eu tanto aguardava…

Em Porto Alegre não falta alga

Desde o final do ano passado enfrentando uma estiagem, o Rio Grande do Sul precisa de chuva – como a deste sábado – para amenizar a situação. Várias cidades racionam água devido à escassez.

Em Porto Alegre o racionamento não chega a ser necessário em épocas de estiagem, já que o Guaíba recebe água de vários rios, sendo o principal deles o Jacuí. Porém, não corresponde à verdade dizer que o abastecimento de água na cidade não é afetado. Pois a combinação de pouca chuva, calor e poluição favorece a proliferação de algas, que além de darem uma tonalidade esverdeada à água, também a deixam com gosto ruim e cheiro forte.

Apesar do tratamento remover os poluentes, o cheirinho e o gostinho “de terra” não saem, e é sentido quando se toma um chimarrão ou um café feito com água da torneira.

Tal situação acontece agora, e o Kayser a retratou de forma genial.

Eu também não gosto de sushi...

Pausa nas férias

Charge do Bier

O Cão ainda não está de volta à “programação normal”, pois este que vos escreve embarca na manhã deste sábado para Rio Grande, devendo retornar na metade da próxima semana – quando, aí sim, voltará a postar com maior frequência.

A pausa se deve a uma questão de cidadania: jamais poderia deixar de lembrar o que aconteceu 48 anos atrás. A “turma do pijama” comemora a “revolução” (nunca vi a direita fazer revolução…) em 31 de março. Só que, além de ter sido um GOLPE, a consolidação da quartelada se deu em 1º de abril. Data que, aliás, combina com o mentiroso argumento de que 1964 “salvou o Brasil de uma ditadura comunista”.

Aliás, já que os opressores andavam com vontade de ter seus dias de orgulho, que tal declarar 1º de abril como “dia do orgulho reacionário”? Na prática, ele já é comemorado, embora nunca na data certa – como se viu na quinta-feira, aliás, ao melhor estilo ditatorial.

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Assim como aconteceu nos dias em que estive em Florianópolis, haverá demora na liberação de comentários.