Esperarei DEITADO…

Por um desconto na próxima conta de luz. Ontem, a região onde moro ficou várias horas sem eletricidade. Com direito a “piscadas”, em que a luz acendia por um segundo e apagava de novo. O fato de nenhum aparelho ter queimado já me serve de consolo: para ter uma ideia, quando liguei pela quarta vez para a CEEE, perto da meia-noite, o atendente me recomendou desligar todos os equipamentos, pois não havia previsão de que horas a energia iria se estabilizar.

Tudo bem que parece ter havido um problemão na rede elétrica (a luz caiu pouco antes das 19h, e perto da meia-noite os técnicos ainda trabalhavam para resolver o problema). Mas quando atraso em um dia o pagamento da conta, a CEEE cobra multa (e tem de cobrar mesmo); já quando pago em dia, seria justo ter pelo menos um desconto proporcional ao tempo que passei à luz de vela e com calor (afinal, sem eletricidade o ventilador não liga).

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Em quem não votar

O Milton Ribeiro escreveu um excelente texto sobre o que seria sua hipotética candidatura a deputado federal, no qual também nos apresenta uma lista sobre as características que deve ter um candidato para garantir que não receberá o voto dele – aliás, o meu também. (Só discordo de quando ele fala do Grêmio, por motivos óbvios.)

Ou seja, “subscrevo” a lista e recomendo que não votemos em:

  • quem mistura religião com política;
  • quem parece ou é pastor;
  • quem é conservador ou de direita (não me digam que direita e esquerda não existem mais, por favor);
  • quem criminaliza sistematicamente os movimentos sociais (MST, povos indígenas, etc.);
  • quem é criacionista;
  • quem é homofóbico;
  • quem é sexista;
  • quem, gratuitamente, fala mal da América Latina;
  • quem usa a frase “meu antecessor ou quem está lá não fez nada”, pois certamente fez e pode ter sido péssimo.

Em comentário, sugeri um item a mais na lista (não é “misturar futebol e política”, porque os que fazem isso veem futebol como religião, já citada). Trata-se de não votar em quem está (mesmo que indiretamente – no que sinceramente eu não acredito) sufocando um jornal independente por conta de uma reportagem publicada em 2001 e que não dizia nada que não tenha sido comprovado.

O jornal ao qual me refiro é daqui de Porto Alegre, o Jornal Já (que inclusive foi premiado por conta da reportagem citada, sobre uma fraude milionária na CEEE). O político se chama Germano Rigotto (PMDB), candidato ao Senado. E o processo é movido por Julieta Rigotto, mãe do ex-governador, por conta das referências feitas pela reportagem a seu outro filho, Lindomar, falecido em 1999. Germano Rigotto chegou a dizer ao jornalista Luiz Cláudio Cunha que nem sabia da existência do (detalhe: ele disse isso em novembro de 2009, oito anos após o início da ação judicial).

Como sou de esquerda, obviamente eu não votaria em Rigotto mesmo que não existisse o processo, cujo mais recente capítulo resultou no bloqueio das contas dos jornalistas Elmar Bones (editor do ) e Kenny Braga (sócio minoritário de Bones). Mas como sei que, de vez em quando, alguns conservadores (favor distinguir de direitosos) aparecem por aqui, peço a eles que reflitam sobre isso, e pensem bem antes de digitarem seu voto para Rigotto (caso o tenham como seu candidato), sob pena de favorecerem a continuação de uma grande injustiça.

Afinal, Bones já havia sido absolvido na ação penal por injúria, calúnia e difamação; mas inexplicavelmente, acabou condenado na área cível ao pagamento de uma indenização de R$ 17 mil por “danos morais”, valor que hoje já supera os R$ 55 mil – valor “tranquilo” para uma Zero Hora ou um Correio do Povo, mas impagável para o , que sobrevive com dificuldades.

Já que Rigotto continua a usar um coração como sua marca de campanha (igual a 2002 e 2006), deveria fazer jus a ele e pedir a sua mãe que retire o processo.

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Claro que se Rigotto perder votos, há o risco maior de Ana Amélia Lemos (PP) ser eleita (óbvio que não será com meu voto). O ideal seria não votar em nenhum deles – afinal, Ana Amélia se enquadra no item “quem é conservador ou de direita”, lá da lista. O problema é que o Rio Grande do Sul é o “Estado mais politizado do Brasil”

De quem é a responsabilidade

Começou um jogo de empurra entre as autoridades no caso do jovem Valtair de Oliveira, morto por um choque elétrico em parada de ônibus na Avenida João Pessoa. A EPTC empurra a “batata quente” para a CEEE, que por sua vez diz que a parada é responsabilidade municipal – o que é a mais pura verdade.

A estrutura da parada é da EPTC, já o poste de iluminação pública que seria a origem do problema é da Divisão de Iluminação Pública da SMOV. Ou seja, a competência é toda do Município. O máximo que se poderia exigir da CEEE seria cortar a energia do local.

E mesmo que a EPTC tenha contatado a CEEE três vezes antes da tragédia – o que é negado pela segunda – a responsabilidade continua a ser municipal. Pois por que raio de motivos aquela parada não foi interditada até que o problema fosse resolvido? E por favor, fita de isolamento não é interdição: era preciso que os ônibus fossem desviados para fora do corredor naquele ponto, sendo aguardados pelos passageiros na calçada em frente à Faculdade de Direito da UFRGS.

Ia “congestionar o trânsito”? PQP, o fluxo de carros é mais importante que a vida das pessoas?

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E o pior é que o trágico episódio nem é fato isolado. Há relatos de choques elétricos em outras paradas de ônibus. É mais uma mostra do descaso com que as autoridades vêm tratando a cidade nos últimos anos.

Já tivemos ônibus infestado de baratas e também perdendo as rodas, a limpeza de ruas e parques têm deixado a desejar, a saúde pública está ruim (mas não para outros interesses)… E outro problema que, embora não seja novo, parece ter piorado muito, é a conservação das calçadas (quem fiscaliza isso?). Foi graças a um passeio mal-conservado que minha avó, de 88 anos de idade, caiu um tombo no início de fevereiro e precisou passar mais de um mês com o braço direito engessado.

Ajudemos o Jornal JÁ

O melhor jornal de Porto Alegre corre sério risco de fechar. Uma reportagem publicada em maio de 2001 sobre uma fraude na CEEE (que vale por 15 mensalões, segundo Luiz Cláudio Cunha) que envolvia Lindomar Rigotto, irmão do ex-(des)governador Germano Rigotto, motivou processo por parte da matriarca da família contra o JÁ, e esta ganhou direito a indenização de R$ 54 mil. Tal reportagem ganhou vários prêmios, inclusive da ARI, que não se manifestou sobre o caso.

Fosse uma Zero Hora ou um Correio do Povo, pertencentes a grandes corporações midiáticas, tal indenização seria paga sem problemas. Porém, isso não acontece com o JÁ, que por conta de sua independência – foi o jornal que mais deu atenção e visão crítica à questão do Pontal do Estaleiro, por exemplo – consegue poucos anunciantes, tornando o pagamento de tal indenização extremamente danoso às finanças do jornal, que corre sério risco de fechar.

A única maneira de se tentar manter o JÁ circulando é comprando a última edição, que trata sobre os sucessivos escândalos de corrupção no Rio Grande do Sul. Pode-se encontrá-lo nos seguintes locais:

CENTRO

Banca do Julio – Mercado Público

Banca do Leandro – Largo Glênio Peres

Banca das Apostilas – Borges de Medeiros c/ Sete de Setembro

Banca do Clovão – Borges de Medeiros, 915, c/ Fernando Machado

Banca do Paulo – Andrade Neves c/ Borges de Medeiros

Banca da Alfândega – Praça da Alfândega, Andradas c/ Caldas Jr

Miscelânia Sáskia – Fernando Machado, 806 (ao lado de um Zaffari)

CIDADE BAIXA

Banda da República – Rua da República c/ Av. João Pessoa

BOM FIM / SANTANA

Palavraria – Vasco da Gama, 165 (tele-entrega pelo 3268-4260)

Tabacaria Braz – Venâncio Aires, 1137, em frente ao HPS

Banca Folhetim – Jacinto Gomes c/ Venâncio Aires

Locadora Mondo Vídeo – Jerônimo de Ornellas, 531, c/ Santa Therezinha

Mercado Zerbes – Jacinto Gomes, 463

INDEPENDÊNCIA

Av Independência, em frente a 375, perto do Colégio Rosário

MOINHOS DE VENTO

Revista & Chocolate – Padre Chagas, 330