O Grêmio jogou bem no 1º tempo, mas não no 2º; aí pesou a grande qualidade do Santos, que fez 3 a 1 e garantiu a vaga na final da Copa do Brasil.
Mas não é sobre isso que quero falar (nem nos comentários, OK?). Antes do jogo, como tem acontecido desde algum tempo, foi executado o Hino Nacional Brasileiro. E de repente, o que se escuta? Alguns torcedores do Grêmio cantando o Hino Riograndense! Em resposta, os santistas começaram a cantar mais alto o do Brasil – e eu, que sou gremista, achei ótimo.
Querem cantar o Hino Riograndense? Tudo bem, mas tem hora para isso. E obviamente não é quando se toca o Hino Nacional.
Além disso, eu não quero que a torcida do Grêmio, da qual me orgulho de fazer parte, passe a ter fama de “separatista” (já é dose o rótulo de “baba-ovos de argentinos” devido à Geral, mesmo que já haja muitas torcidas de estilo semelhante em vários Estados). Pois a esmagadora maioria dela não é. Aliás, acho que até mesmo os que dizem ser o fazem por “rebeldia” ou para chamarem a atenção. Pois duvido que desconheçam o fato de que o Tricolor tem torcedores em todas as partes do Brasil – sendo que um grande número destes sequer nasceu no Rio Grande do Sul.
E é também preciso fingir desconhecer a própria história do Grêmio. Na primeira metade do século XX o Tricolor teve uma bandeira muito semelhante à do Brasil – mas de cores diferentes devido a uma lei que proibia “imitações” da bandeira nacional; hoje em dia, há bandeiras nas cores verde e amarela, mas com o círculo central substituído pelo distintivo gremista. E muitos de nossos jogadores mais importantes não eram nem gaúchos, nem “platinos” (já que muita gente acha o Grêmio mais “platino” do que brasileiro). Querem uma amostra?
- André Catimba (baiano) – fez o gol que deu o título gaúcho ao Grêmio em 1977, depois de um jejum de nove anos;
- Baltazar (goiano) – autor do golaço que deu ao Grêmio o primeiro título brasileiro, em 1981;
- Mazaropi (mineiro) – antecessor de Danrlei no “cargo” de “muralha gremista”;
- Tita (carioca) – marcou o gol do Grêmio no primeiro jogo da final da Libertadores de 1983, empate em 1 a 1 contra o Peñarol em Montevidéu;
- Caio (carioca) – abriu o placar no jogo decisivo da Libertadores de 1983;
- César (carioca) – fez o gol do título da Libertadores de 1983;
- Cuca (paranaense) – autor do gol do título da Copa do Brasil de 1989;
- Edinho (carioca) – capitão na conquista da Copa do Brasil de 1989;
- Nildo (paraense) – goleador do Grêmio na Copa do Brasil de 1994, e autor do gol do título;
- Adílson (paranaense) – capitão da conquista da Libertadores de 1995, e técnico na fuga do rebaixamento em 2003 (pena que no ano seguinte tudo desandou…);
- Dinho (sergipano) – volante símbolo da “raça” do Grêmio de 1995-1997 (mas que sabia jogar bola), até hoje lembrado em faixas levadas pela Geral ao Olímpico como “Cangaceiro Tricolor”;
- Luís Carlos Goiano – volante mais técnico que Dinho, cobrava faltas com perfeição;
- Paulo Nunes (goiano) – fundamental nas conquistas da América em 1995 (a maioria dos gols de Jardel começava nos pés do “diabo loiro”), do Campeonato Brasileiro de 1996 (do qual foi um dos artilheiros) e da Copa do Brasil de 1997;
- Jardel (cearense) – artilheiro da Libertadores de 1995, fez gol de tudo que é jeito (até tomando bolada na cara!);
- Aílton (carioca) – fez o gol do título brasileiro de 1996;
- Zinho (carioca) – capitão do Grêmio de 2000 a 2002 e autor de um dos gols na decisão da Copa do Brasil de 2001 contra o Corinthians;
- Luís Mário (paraense) – nosso “Papa-Léguas”, ressuscitou o Grêmio marcando dois gols na primeira partida da final da Copa do Brasil de 2001, que assim buscou o empate em 2 a 2;
- Marcelinho Paraíba – nosso grande craque na conquista da Copa do Brasil de 2001, pena que tenha ficado tão pouco tempo no Grêmio;
- Ânderson Lima (paulista) – último grande lateral-direito do Grêmio (2000-2003), e cobrava faltas como poucos;
- Victor (paulista) – atual “muralha tricolor” e capitão, melhor goleiro depois da saída de Danrlei e maior ídolo atual;
- Jonas (paulista) – perde os gols fáceis mas faz os difíceis (e golaços, como o marcado contra o Santos semana passada);
- Borges (baiano) – artilheiro gremista de 2010, e melhor centroavante dos últimos anos.
Assim, acho que o país no qual, além de nós, nasceu a maioria esmagadora de nossos ídolos – não esqueçamos dos brasileiros nascidos no Rio Grande do Sul e por isso chamados “gaúchos” (a propósito, se somos “gaúchos”, isso se deve ao fato de sermos brasileiros) – merece mais respeito de nossa parte.