Parabéns ao Corinthians

Torci pelo Corinthians contra o Chelsea, na final do Mundial de Clubes. Nada mais do que o normal: sempre torço pelos clubes da América do Sul (e antes que me perguntem sobre o Inter em 2006 e 2010: eles não são sul-americanos e sim marcianos infiltrados, e como sou terráqueo, torço contra eles).

Mas não torci pelo Corinthians só por ser sul-americano. Pois há algo que me incomoda muito: ver crianças vestindo camisas do Chelsea nas ruas.

Até 2003, quando foi comprado pelo bilionário russo Roman Abramovich, o Chelsea só tinha sido campeão inglês uma vez, em 1955. Isso em quase 100 anos de história (foi fundado em 1905). Ou seja: não consigo achar que, como clube, seja maior que o Grêmio ou (para citar um exemplo não-passional) o São Paulo. Porém, o Chelsea tem mais apelo midiático no mundo inteiro, está na capa do jogo de videogame, tem milhões e milhões de dólares no cofre. E aí o pessoal acredita que ele é mais importante que vários clubes da América do Sul, que têm muito mais história mas não aparecem no videogame.

Não é. E o melhor de tudo: ao contrário do Santos, que teve medo do Barcelona ano passado, o Corinthians encarou o Chelsea de igual para igual. Ou, mais corretamente, de maior para menor. E deixou, assim, um legado para o futebol sul-americano, como bem observou o Vicente: é possível vencer os times europeus sem jogar com medo.

Tanto que o Corinthians ganhou só de 1 a 0, mas podia ter feito mais. E se o Chelsea também atacou bastante, esbarrou no goleiro Cássio, ex-Grêmio, eleito melhor jogador do Mundial, de grande atuação na decisão, muito embora discorde de certas análises que definem sua atuação como das maiores de um goleiro. (De cara lembro duas: a de Victor nos 4 a 1 do Grêmio contra o Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2009, e a de Rogério Ceni na final do Mundial de 2005 – graças a ele o São Paulo não simplesmente ganhou, como escapou de levar uma goleada do Liverpool.)

Tragédia no Egito: mais que futebol

Ontem se escreveu uma página triste na história do futebol, com a briga generalizada após um jogo do Campeonato Egípcio, que deixou mais de 70 mortos. A torcida do Al Masry, de Port Said, invadiu o gramado após a vitória de 3 a 1 sobre o Al Ahly, do Cairo, e agrediu jogadores, comissão técnica e torcida do adversário. Três jogadores do Al Ahly (Mohamed Aboutrika, Mohamed Barakat e Emad Moteab), chocados com os acontecimentos, decidiram se aposentar.

Porém, pelo que já li em algumas páginas de notícias, a origem da tragédia parece estar do lado de fora dos estádios. Uma das torcidas organizadas do Al Ahly, a UA07, foi ativa participante das manifestações que derrubaram a ditadura de Hosni Mubarak, no começo do ano passado. Não faltam acusações de que partidários do ex-ditador e a própria junta militar que governa o país desde a queda de Mubarak teriam provocado o episódio, inclusive com o fechamento dos portões do estádio no lado da torcida do Al Ahly. E nos diversos vídeos que podemos assistir, é perceptível que a polícia nada fez para impedir a violência: simplesmente deixou os torcedores do Al Masry invadirem o gramado.

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A nomenclatura utilizada no futebol deixa muito claro que ele é uma “metáfora da guerra” (ainda mais que é praticado no campo, assim como as guerras em “campos de batalha”). Inclusive, serviu muito como “válvula de escape” da violência, quando da parlamentarização da política na Inglaterra. Assim, muitas vezes os ressentimentos de origem política, social e étnica acabam “transbordando” para o estádio.

A intensa rivalidade entre Real Madrid e Barcelona, por exemplo, é muito mais que futebolística. Os confrontos entre os dois clubes simbolizam, para muitos, um embate entre o centralismo de Madri e os anseios nacionalistas da Catalunha (cujas cores o Barça sempre utiliza em sua braçadeira de capitão). A rixa acirrou-se durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), período em que qualquer manifestação de apreço a uma nação que não a Espanha “una” (que só existia nos delírios de fascistas como Franco) era severamente reprimida. Os jogos do Barcelona, principalmente contra o Real Madrid (por ser este o principal clube da capital), eram as raras oportunidades de se demonstrar que a “homogeneidade” espanhola era pura fantasia.

Origem semelhante teve a tensão em uma partida aqui no Brasil, há quase 40 anos. Em 17 de junho de 1972, 110 mil pessoas foram ao Beira-Rio vaiar a Seleção Brasileira, que enfrentava uma “Seleção Gaúcha” (na verdade, um combinado de jogadores da dupla Gre-Nal). Não havia nada de separatismo em jogo, muito pelo contrário: a origem era o ressentimento dos gaúchos pelo Rio Grande do Sul estar cada vez mais marginalizado na política e na economia do Brasil (mesmo que o ditador da época fosse o general bageense Emílio Garrastazu Médici). Fato simbolizado pela não-convocação do lateral-esquerdo Everaldo, titular da conquista da Copa de 1970, para a Seleção Brasileira que disputaria a Taça Independência (popularmente conhecida como “Minicopa”), torneio comemorativo aos 150 anos de independência política do Brasil: apesar do gremista não atravessar uma boa fase em 1972, foi inaceitável para os gaúchos que “o seu único representante” na Seleção perdesse não só a titularidade, como também fosse preterido na reserva por Rodrigues Neto, do Flamengo (que anos depois, ironicamente, seria contratado pelo Inter). Como as manifestações de contestação ao status quo da época eram reprimidas (inclusive as de caráter regional), restava apenas o futebol: vaiar a Seleção, utilizada pela ditadura militar para aumentar sua popularidade (ainda mais após a Copa de 1970), era como vaiar o Brasil “forte e unido” da propaganda oficial.

Se o futebol é uma “metáfora da guerra”, ele também pode ser prelúdio dela, com a violência não sendo meramente simbólica. Em junho de 1969, as tensões entre Honduras e El Salvador se refletiram no confronto entre as seleções dos dois países por uma vaga na Copa do Mundo de 1970. O governo de Honduras havia decidido expulsar os camponeses salvadorenhos que viviam no país (principalmente na região da fronteira com El Salvador), gerando uma onda de xenofobia mútua entre hondurenhos e salvadorenhos, extremamente interessante para os governos de ambos os países por assim desviar o foco de seus problemas internos. No meio disso tudo, as partidas de futebol: a primeira, disputada em Tegucigalpa (Honduras), terminou com vitória hondurenha por 1 a 0; na segunda, em San Salvador (El Salvador), os salvadorenhos venceram por 3 a 0, forçando assim a realização de um terceiro jogo, realizado na Cidade do México e vencido novamente por El Salvador, 3 a 2. A violência nas partidas foi o pretexto que faltava para os dois países romperem relações diplomáticas; semanas depois, tropas salvadorenhas invadiram Honduras, dando início à chamada “Guerra do Futebol”, que durou apenas quatro dias (14 a 18 de julho de 1969, por isso sendo também chamada de “Guerra das Cem Horas”) e deixou quase 2 mil mortos.

na antiga Iugoslávia, a guerra não teve o futebol como pretexto, mas ele nos deu uma “prévia”. Os ressentimentos entre sérvios e croatas vinham desde a Segunda Guerra Mundial: os primeiros acusavam os segundos de terem colaborado com o nazismo, mesmo que Josip Broz Tito, líder da resistência aos nazistas, fosse croata. Durante os 35 anos em que Tito esteve no poder, as tensões foram aliviadas, devido à liderança de um “símbolo de união nacional”. Porém, com a morte de Tito em 1980, foi implantado um sistema de revezamento do poder entre as repúblicas que formavam a Iugoslávia; tal sistema não agradava aos nacionalistas sérvios, que por serem a população mais numerosa consideravam injusta a divisão igualitária do poder; ao mesmo tempo, a crise econômica pela qual o país passava levava muitos sérvios a emigrarem para a Croácia, mais desenvolvida, aumentando o sentimento anti-sérvio entre os croatas. O ódio mútuo resultou em um violento conflito entre as torcidas do Dínamo de Zagreb e o Estrela Vermelha de Belgrado, durante partida entre os dois clubes realizada na capital croata em 13 de maio de 1990. No ano seguinte, Croácia e Eslovênia (as duas repúblicas mais desenvolvidas) declararam-se independentes e teve início a sangrenta desintegração da Iugoslávia: a guerra se deu principalmente entre sérvios e croatas, com atrocidades de ambos os lados em conflito.

Quando 15 anos se tornam um detalhe

As páginas de redes sociais (Orkut, Facebook etc.) têm muitos defeitos, como a exposição exagerada (privacidade vai virando “peça de museu”, mas tomando cuidado, é possível não tornar pública toda sua vida). Mas uma de suas qualidades inegáveis é a possibilidade de aproximar muitas pessoas que têm algo em comum. Gostos, preferências políticas, times de futebol, religiões (ou não ter religião), mesmo ambiente de estudo, de trabalho etc.

Muitas vezes, estas estas pessoas têm também em comum um passado. Anos de vivência no colégio, na faculdade, no trabalho, nos mais diversos espaços. Porém, o tempo passa, e se a vivência deixa de ser compartilhada, os laços podem acabar se desfazendo. Mais uma função para as redes: não deixar que as pessoas se afastem (se não fisicamente, “virtualmente”).

Mas o mais legal é a possibilidade de reaproximar as pessoas que as redes proporcionam. O fato de perder o contato com um velho amigo não quer dizer que ele não fosse importante para nós: à medida que vamos conhecendo pessoas novas, muitas vezes elas acabam meio que “tomando o lugar” das mais “antigas”. Mas, aí reencontramos um amigo que não víamos há vários anos, e parece que fazia pouco tempo que tínhamos nos falado pela última vez.

Foi o que aconteceu este ano, quando reencontrei parte da minha turma do 1º Grau (“Ensino Fundamental” é denominação posterior, portanto, anacrônica se aplicada ao período de 1989 a 1996), que cursei na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Marechal Floriano Peixoto. Fora alguns colegas que vi mais seguido, a maioria eu tinha visto poucas vezes nos últimos 15 anos. (Naquela época, a internet engatinhava, Orkut e Facebook não existiam…)

Quando nos reencontramos, foi como se não tivesse passado tanto tempo. Lembramos, “como se fosse ontem”, de como nos divertíamos naquela época, das mais variadas maneiras possíveis. Passeios, festas, futebol (sempre ele…), professores, e mesmo as paixões frustradas (ou não) daquela época. O meu desempenho “a la Barcelona de 2011” nas provas também foi lembrado, mas interessante que do meu quase fiasco de 1993, ninguém lembra.

O bacana é que um mero reencontro presencial que reuniu apenas cinco pessoas em junho, acabou resultando num grupo no Facebook que já conta com mais de 20 integrantes. E agora, ninguém fala mais em “reencontro”: toda hora, a ideia que surge lá é a de “vamos tomar um chopp?” (e já tomamos mais de um). Ou seja, é como se 15 anos de distância tivessem se tornado apenas um detalhe.

Foi, sem dúvida, uma das melhores coisas que aconteceram neste ano que, infelizmente, se encaminha para o final. Aliás, algo em comum com 1995 e 1996, os dois anos mais marcantes daquela época em que estudei no Floriano: eu gostaria que durassem um pouco mais.

Um dilema que me afligia…

Torcer ou não pelo Santos amanhã, na decisão do Mundial Interclubes?

O adversário é o melhor time que já vi jogar: o Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta e o lesionado Villa. Joga tão bonito, que não consigo deixar de pensar que será uma injustiça ele perder. O Mundial Interclubes seria o fecho com “chave de ouro” para um ano histórico dos blaugranas.

Porém, torço sempre contra os clubes europeus (não apenas pela América do Sul), exceto quando o adversário deles é o Inter. Em 2009, quando o Barcelona também tinha um timaço (embora não melhor que este de 2011), torci pelo Estudiantes na decisão. Ano passado, fui “Mazembe desde criancinha” contra o Inter e a Inter. Na final de 2005, torci pelo São Paulo contra o Liverpool – e a vitória são-paulina, se por um lado parece ter sido injusta (afinal, o Liverpool amassou o São Paulo no segundo tempo), por outro foi consagradora para Rogério Ceni, que naquele 18 de dezembro teve uma das maiores atuações de um goleiro que já pude assistir.

Não bastasse minha tradição de secar os europeus, o meu irmão disse que vai torcer pelo Barcelona para que o Inter siga como último clube sul-americano campeão mundial. Depois dessa, simplesmente não dá para não torcer pelo Santos…

Então, torço para que amanhã tenhamos um grande jogo em Yokohama, e que o Barcelona jogue tudo o que sabe. Mas quero que Neymar faça chover (ou nevar, já que no Japão o inverno está começando), e traga a taça para a América do Sul. Pra cima deles, Santos!

Recorde mantido

O goleiro Justo Villar foi o principal responsável pela classificação do Paraguai às semifinais da Copa América. Fez grandes defesas, impedido que o Brasil vencesse com a bola rolando. Mas ele podia ter se consagrado ainda mais, e não teve chance graças à péssima pontaria brasileira.

De todos os quatro pênaltis perdidos pelo Brasil, apenas um parou nas mãos de Villar. Os outros foram para fora. O goleiro paraguaio só alcançaria aquelas bolas se tivesse uns 30 metros de altura…

Enquanto isso, na Romênia, Helmuth Duckadam sorri: seu recorde de defender quatro pênaltis seguidos ainda não foi igualado. Em 7 de maio de 1986, o portar romeno foi o herói do Steaua Bucureşti na final da Liga dos Campeões da Europa: vitória sobre o Barcelona nos pênaltis por 2 a 0, após 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação (igual a esse Brasil x Paraguai). Só que como os jogadores do Barça não eram tão ruins de pontaria, acabaram consagrando Duckadam.

O incrível goleiro que defendeu QUATRO pênaltis seguidos

No final de fevereiro, quando o goleiro do Caxias, André Sangalli, defendeu quatro pênaltis em cinco contra o São José, pela semifinal do 1º turno do Gauchão, saiu um texto no Carta na Manga com o sugestivo título de “O Duckadam da polenta“. Referência não só à colonização italiana da Serra Gaucha, como também a um lendário goleiro – ou melhor, portar (que é como se diz “goleiro” em romeno).

Trata-se de Helmuth Duckadam, portar do Steaua Bucureşti, que defendeu quatro pênaltis na decisão da Liga dos Campeões há exatos 25 anos, no dia 7 de maio de 1986. Pela primeira vez, um clube da Romênia chegava à final; o adversário era o Barcelona, que sonhava em pela primeira vez conquistar a taça que o arquirrival Real Madrid já levantara seis vezes. O jogo foi disputado em Sevilla, na Espanha: nem preciso dizer que os blaugranas “tomaram” as arquibancadas do estádio. O Barça jogou praticamente em casa, aumentando ainda mais seu favoritismo.

Nem vou falar do jogo (vencido pelo Steaua nos pênaltis por 2 a 0, após empate sem gols com a bola rolando), já que o Natusch, especialista em fotbal al romaniei do Carta na Manga, escreveu sobre a partida. Assim como a história do goleiro Duckadam já está bem contada no link que citei do Bola Romena. Só quero render homenagens ao grande portar, que naquela noite de 1986 levou o futebol romeno à maior glória de sua história. Ah, e ele não foi igualado por Sangalli, já que este não pegou os quatro pênaltis em sequência.

A possível volta de Ronaldinho ao Grêmio

Em 21 de dezembro de 2009, escrevi sobre uma ideia que era meramente especulação – o retorno de Ronaldinho ao Grêmio em 2011. E não é que isso pode se confirmar? (E, se realmente for confirmado, vou pedir meu registro profissional como VIDENTE, já que além dessa eu também acertei, domingo passado, que os últimos dias de Yeda no Piratini nos reservariam bizarrices.)

Também lembrei naquele texto do ano passado a maneira como se deu a saída de Ronaldinho, no início de 2001. Muitos torcedores não perdoam o craque por ter deixado o Grêmio “pela porta dos fundos”. Também achei “sacanagem” da parte dele (e de seu irmão e empresário, Assis). Mas não podemos esquecer que o maior culpado por aquilo se chama José Alberto Guerreiro, o presidente que mandou colocar uma faixa na entrada do Olímpico com os dizeres “Não vendemos craques”: ele praticamente deu Ronaldinho “de presente” ao Paris Saint-Germain, ao recusar propostas excelentes para “fazer média” com a torcida, e assim permitir que o jogador saísse praticamente de graça devido ao término de seu contrato.

Assim, não vou escrever muito sobre o assunto, considerando que já o fiz com um ano de antecipação. Apenas exprimirei minha opinião: se Ronaldinho estiver a fim de jogar (e terá de jogar mesmo, para reconquistar os corações mais resistentes a seu eventual retorno), e também se adequar à realidade brasileira (não podemos pagar salários astronômicos; sem contar que, se é para ele se reconciliar com o Grêmio, o ideal é que ele não se traduza em um rombo nos cofres tricolores), será muito bem-vindo. Não precisa ser o mesmo Ronaldinho que comia a bola no Barcelona: aquele de 1999 já me satisfaz.

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Ano passado eu já postei junto com o texto a enquete abaixo (assim, ninguém estranhe o fato dela não começar do zero):

1960 e 2010: Os Anos da África

Foi ainda no tempo do colégio que li a expressão “1960: O Ano da África” em um livro didático. O motivo, é que só naquele ano 16 países do continente obtiveram sua independência política. Livravam-se de um colonialismo que fora por demais cruel, e do qual sofrem até hoje as consequências.

Meio século passou, e novamente temos um Ano da África. Desta vez, no futebol. 2010 foi o ano da primeira Copa do Mundo no continente africano (embora não haja apenas coisas boas nisso). Por muito pouco, uma seleção africana (Gana) não chegou à semifinal desta Copa.

E agora, no Mundial de Clubes, pela primeira vez a decisão não será entre América do Sul e Europa. Quem está lá? A África. Representada pelo Mazembe, da República Democrática do Congo (antigo Zaire), que foi até 1908 propriedade privada do rei Leopoldo II da Bélgica com o no mínimo irônico nome de “Estado Livre do Congo” – que mascarava a mais brutal colonização europeia na África.

O “reino privado” de Leopoldo II tornou-se colônia em 1908 com o nome de “Congo Belga”, subetendo-se assim ao parlamento da Bélgica, e não mais às decisões pessoais do rei, embora isso não mudasse muita coisa – afinal, a população local continuava sob domínio europeu, que duraria até o Ano da África, ou seja, 1960.

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E o Mazembe ganhou do Inter com todos os méritos. Certa imprensa quer fazer acreditar que os vermelhinhos “perderam para si mesmos”, contra um adversário “muito inferior, frágil” (que, de tão frágil, foi muito mais competente para marcar não um, mas dois gols).

Provavelmente se tenha lido opiniões semelhantes nos jornais de Barcelona, em dezembro de 2006… Só mudando as cores dos que “perderam para si mesmos”, e dos “frágeis” vencedores.

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O Grêmio também participou desta grande vitória do Mazembe sobre o co-irmão. Afinal, nós gremistas temos um colega de torcida na República Democrática do Congo. E não é qualquer um: trata-se do médico Denis Mukwege, indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2009, que é especialista no tratamento de mulheres vítimas de violência e tortura sexual durante a guerra civil que por vários anos assolou seu país.

E, não bastasse um tão ilustre gremista no país do Mazembe, a gloriosa camisa Tricolor se misturou à torcida dos “Corvos” (apelido do clube) em Abu Dhabi.

Gauchão com “cara europeia”

O Campeonato Gaúcho de 2010, que começa no próximo dia 16, tem até uma página oficial.

Olha um pedaço do texto de abertura da página:

A partir de 2010, o Campeonato Gaúcho passa a ter uma cara nova e permanente. Assim como nos campeonatos europeus, a Federação Gaúcha de Futebol adotou uma moderna logomarca e apresenta um novo conceito de gestão que visa reposicionar e valorizar o Campeonato Gaúcho no cenário nacional.

Até parece piada. Um campeonato que só é mantido “em nome da tradição” querer se comparar a certames competitivos! Alguém pode dizer que na Espanha praticamente só há dois clubes que brigam pelo título – Barcelona e Real Madrid – mas isso significa esquecer Valencia, Atlético de Madrid, Villarreal, Sevilla, La Coruña, dentre outros que, quando não ganham, incomodam uma barbaridade.

Não bastasse a bizarra comparação, a página oficial NÃO TEM A TABELA DO CAMPEONATO! Acreditem se quiser… Descobri o carnê no Futebol na Rede. E pude perceber que, embora se fale tanto em valorizar o Gauchão, o esforço é no sentido contrário: no 1º turno (Taça Fernando Carvalho), os jogos da dupla Gre-Nal em Porto Alegre nos finais de semana serão às 19h30min… De domingo. Exceção feita à última rodada, dia 13 de fevereiro, quando todos serão às 17h.

Não aceito a desculpa de “antes é ruim porque tá todo mundo na praia”. Às 19h30min, todo aquele pessoal que chegou da praia está descarregando suas bagagens. E depois, provavelmente descansando (o que é realmente necessário, depois de pegar engarrafamento).

Domingo à noite não é horário bom para futebol, será que não aprendem? No sábado não é problema, dá para sair do estádio e ir direto pro boteco falar mal daquele juiz ladrão e das burrices do treinador. Domingo, não.

Já é uma bosta os jogos do Campeonato Brasileiro às 18h30min de domingo, imagina de Gauchão às 19h30min? Sem contar os de quarta depois daquela porra de novela. E ainda por cima tendo de pagar caro: ano passado, o ingresso de arquibancada (ou seja, mais barato) no Olímpico custava R$ 30. Depois não entendem porque a média de público é baixa…