Minhas duas palavras sobre a variante ômicron

CALMA, PORRA!


Tudo bem, agora falando sério: nem o biólogo Átila Iamarino, tão chamado de pessimista por muitos (inclusive por mim em alguns momentos lá no começo da pandemia, para que depois eu reconhecesse que na verdade ele estava sendo bem realista), está tomado pelo pânico tal qual boa parte da minha “bolha” nas redes sociais após o descobrimento da nova variante do SARS-CoV-2 na África do Sul, país com baixo percentual de pessoas vacinadas – como, aliás, acontece em todo o continente africano, o que só ressalta a urgência de uma distribuição mais equânime das vacinas. (Na Europa há doses em excesso e perdendo a validade por culpa da BURRICE antivax.)

A ômicron deve ser fruto de preocupação sim, pela quantidade de mutações. Mas até agora não se tem nenhuma informação de que escape da imunidade vacinal. E mesmo que os piores temores se confirmassem, não retornaríamos à estaca zero pois seria apenas o caso de adaptar as vacinas existentes (como se faz anualmente para a gripe), ainda que isso levasse um certo tempo. Em novembro de 2021, definitivamente, não estamos no mesmo “mato sem cachorro” que em março de 2020, quando pouco se sabia sobre o vírus e não tínhamos ideia de quando haveria uma vacina disponível.

Li anteontem uma excelente analogia no Twitter que para mim diz tudo sobre o momento atual da pandemia.

Devemos ter medo da nova variante? Sim. Aliás, como temos (ou deveríamos ter) da covid-19 desde que começou a se espalhar pelo mundo. Afinal de contas, sabemos o que de ruim pode acontecer e o que deve ser feito para que não ocorra: usar máscaras de qualidade (preferencialmente PFF2), evitar aglomerações, dar preferência a ambientes ao ar livre ou bem ventilados etc, e principalmente TOMAR VACINA. Da mesma forma que ao atravessar uma avenida movimentada é importante olhar para os dois lados e fazer a travessia em uma faixa de segurança (preferencialmente com semáforo) para evitar um atropelamento.

Não é o momento de medidas irresponsáveis como flexibilizar o uso de máscaras e liberar festejos de Ano Novo e blocos de Carnaval. Mas também não faz o menor sentido voltar para aquele pânico que se viveu em março de 2020, quando o pessoal comprava todo o estoque de papel higiênico dos supermercados (devem ter pacotes fechados até hoje) e ao chegar em casa lavava todas as embalagens – quando bastaria simplesmente guardar as compras e lavar as mãos, pois a covid-19 se transmite principalmente pelo ar, sendo extremamente baixa a chance de contaminação por superfícies. (É preciso parar de ter medo do pacote de arroz por causa do vírus para temê-lo pelo que realmente importa no Brasil de Bolsonaro, o PREÇO.)

Já sabemos o que salva: vacina, máscara, ventilação e não aglomerar.

CALMA, PORRA!

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Que feio, Suárez!

Um gesto, e opiniões opostas: aquela mão na bola de Luis Suárez no jogo contra Gana, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2010. Foi ela que impediu que Gana vencesse e uma seleção da África chegasse pela primeira vez a uma semifinal de Copa.

O gesto tornou Luisito Suárez herói para os uruguaios: conforme preveem as regras do futebol, ele foi expulso, e assim “se sacrificou pela pátria”. O mesmo ato, porém, o transformou em vilão para os africanos, mesmo que tenha levado o cartão vermelho. Na disputa do terceiro lugar da Copa, entre Uruguai e Alemanha (3 a 2 para os alemães), as vuvuzelas paravam de soar quando Suárez tocava na bola: o barulho ensurdecedor das cornetas era substituído por vaias.

Porém, os africanos teriam muito mais motivos para vaiar Suárez agora. O uruguaio, que atualmente joga pelo Liverpool, foi acusado pelo francês Patrice Evra, do Manchester United, de tê-lo insultado de forma racista, em partida pelo Campeonato Inglês disputada em outubro passado. A Football Association considerou Suárez culpado e o puniu com oito jogos de suspensão.

Ontem, já com Suárez em campo, o Liverpool enfrentou o Manchester United na casa do adversário. Então, aconteceu o fato lamentável: no momento em que os jogadores dos dois times trocavam apertos de mão antes da bola rolar, Suárez recusou-se a apertar a mão de Evra, acirrando os ânimos no gramado.

Pode-se muito bem dizer que Suárez estava furioso com o francês, e assim não quis cumprimentá-lo. Só que isso não é justificativa – ainda mais num ato que é meramente protocolar. Provavelmente será punido novamente, por atitude antidesportiva.

Ruim para o próprio Suárez, ruim também para o Uruguai que, antes de se consagrar nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928 (além das Copas de 1930 e 1950), foi o primeiro país sul-americano a contar com jogadores negros em sua seleção de futebol. No Campeonato Sul-Americano de 1916, Isabelino Gradín e Juan Delgado foram escalados para enfrentar o Chile; o primeiro marcou dois gols na vitória de 4 a 0. No dia seguinte, a delegação chilena exigiu a anulação da partida alegando que o Uruguai “havia escalado dois africanos”.

Um dilema que me afligia…

Torcer ou não pelo Santos amanhã, na decisão do Mundial Interclubes?

O adversário é o melhor time que já vi jogar: o Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta e o lesionado Villa. Joga tão bonito, que não consigo deixar de pensar que será uma injustiça ele perder. O Mundial Interclubes seria o fecho com “chave de ouro” para um ano histórico dos blaugranas.

Porém, torço sempre contra os clubes europeus (não apenas pela América do Sul), exceto quando o adversário deles é o Inter. Em 2009, quando o Barcelona também tinha um timaço (embora não melhor que este de 2011), torci pelo Estudiantes na decisão. Ano passado, fui “Mazembe desde criancinha” contra o Inter e a Inter. Na final de 2005, torci pelo São Paulo contra o Liverpool – e a vitória são-paulina, se por um lado parece ter sido injusta (afinal, o Liverpool amassou o São Paulo no segundo tempo), por outro foi consagradora para Rogério Ceni, que naquele 18 de dezembro teve uma das maiores atuações de um goleiro que já pude assistir.

Não bastasse minha tradição de secar os europeus, o meu irmão disse que vai torcer pelo Barcelona para que o Inter siga como último clube sul-americano campeão mundial. Depois dessa, simplesmente não dá para não torcer pelo Santos…

Então, torço para que amanhã tenhamos um grande jogo em Yokohama, e que o Barcelona jogue tudo o que sabe. Mas quero que Neymar faça chover (ou nevar, já que no Japão o inverno está começando), e traga a taça para a América do Sul. Pra cima deles, Santos!

Não somos racistas?

“Ser de esquerda hoje é ser crítico em relação a todas as formas de dominação, sobretudo às sutis.” (Pierre Bourdieu)

Essa semana, reparei que tinha um monte de gente indignada com o deputado gaúcho Edson Portilho, autor de uma lei que permite a tortura indiscriminada de animais. Terrível!

Ora, terrível mesmo é gente que sai repassando qualquer coisa sem checar a informação. Bastaria fazer uma busca na internet para descobrir que a lei realmente existe, mas foi aprovada em 2003 (atrasadinha essa “indignação”, né?) e que ela não autoriza tortura em animais, mas sim versa sobre a utilização destes em rituais de religiões de matriz africana. E além disso, Edson Portilho não é mais deputado desde 2006 (e era apenas estadual) – atualmente, é vereador em Sapucaia do Sul. Ah, e se é lei, quer dizer que passou por votação parlamentar, então é uma estupidez atacar apenas ao autor, pois outros deputados também votaram favoravelmente.

Pode-se muito bem discordar da lei, que permite o sacrifício (sem que seja de forma torturante) de animais voltados à alimentação humana. Mas é dose ter de aturar desinformação.

E pior ainda, é que não percebo tamanha “indignação” com questões mais atuais – e mais perigosas. Como os crescentes ataques à laicidade do Estado brasileiro, e mesmo à democracia, por parte de deputados como Jair Bolsonaro e pastores evangélicos.

Afinal, é graças a esse pessoal que as mulheres não têm direito a abortar, que homossexuais sofrem constante discriminação (e também são atacados fisicamente, e mesmo assassinados), que criticar piadas preconceituosas é considerado “patrulha ideológica”, que defender “minorias” estabelece uma “ditadura”… Tudo em nome de uma tal “família brasileira” (formada apenas por brancos, heterossexuais e cristãos; e obviamente “chefiada” por um homem, jamais por uma mulher), além, é claro, da velha dupla “moral e bons costumes” (quem definiu o que é “moral” e o que é “imoral”?).

Aí, se tenta aprovar uma lei que prevê a criminalização da homofobia, e vêm os caras dizer que “é um atentado à liberdade religiosa”… A mesma liberdade que têm os seguidores de religiões afro-brasileiras de expressarem a sua fé. Se sacrificar animais em um ritual religioso é “maldade”, por que uma pregação religiosa cheia de ódio ao diferente não é?

Mas, segundo Ali Kamel, não existe racismo no Brasil… E o pior é que não falta quem acredite nisso.

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A “indignação” contra Edson Portilho não é novidade: em abril de 2010 o ex-deputado já fora atacado no Twitter por conta da mesma lei “da tortura aos animais”. Comprova-se assim o que disse Sérgio Porto (mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta) em seu livro “FEBEAPÁ 1 – Primeiro Festival de Besteira que Assola o País”, escrito na década de 60:

“A maior inflação nacional é de estupidez.”

1960 e 2010: Os Anos da África

Foi ainda no tempo do colégio que li a expressão “1960: O Ano da África” em um livro didático. O motivo, é que só naquele ano 16 países do continente obtiveram sua independência política. Livravam-se de um colonialismo que fora por demais cruel, e do qual sofrem até hoje as consequências.

Meio século passou, e novamente temos um Ano da África. Desta vez, no futebol. 2010 foi o ano da primeira Copa do Mundo no continente africano (embora não haja apenas coisas boas nisso). Por muito pouco, uma seleção africana (Gana) não chegou à semifinal desta Copa.

E agora, no Mundial de Clubes, pela primeira vez a decisão não será entre América do Sul e Europa. Quem está lá? A África. Representada pelo Mazembe, da República Democrática do Congo (antigo Zaire), que foi até 1908 propriedade privada do rei Leopoldo II da Bélgica com o no mínimo irônico nome de “Estado Livre do Congo” – que mascarava a mais brutal colonização europeia na África.

O “reino privado” de Leopoldo II tornou-se colônia em 1908 com o nome de “Congo Belga”, subetendo-se assim ao parlamento da Bélgica, e não mais às decisões pessoais do rei, embora isso não mudasse muita coisa – afinal, a população local continuava sob domínio europeu, que duraria até o Ano da África, ou seja, 1960.

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E o Mazembe ganhou do Inter com todos os méritos. Certa imprensa quer fazer acreditar que os vermelhinhos “perderam para si mesmos”, contra um adversário “muito inferior, frágil” (que, de tão frágil, foi muito mais competente para marcar não um, mas dois gols).

Provavelmente se tenha lido opiniões semelhantes nos jornais de Barcelona, em dezembro de 2006… Só mudando as cores dos que “perderam para si mesmos”, e dos “frágeis” vencedores.

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O Grêmio também participou desta grande vitória do Mazembe sobre o co-irmão. Afinal, nós gremistas temos um colega de torcida na República Democrática do Congo. E não é qualquer um: trata-se do médico Denis Mukwege, indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2009, que é especialista no tratamento de mulheres vítimas de violência e tortura sexual durante a guerra civil que por vários anos assolou seu país.

E, não bastasse um tão ilustre gremista no país do Mazembe, a gloriosa camisa Tricolor se misturou à torcida dos “Corvos” (apelido do clube) em Abu Dhabi.

Lançamento do filme “O Grande Tambor”

Acontece neste domingo, 12 de dezembro, no Teatro Guarany em Pelotas, o lançamento do filme “O Grande Tambor”, produção do Coletivo Catarse com apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Também haverá mais três sessões de lançamento:

  • Dia 13 (segunda-feira), às 20h, no CineBancários, em Porto Alegre;
  • Dia 15 (quarta-feira), em Canela;
  • Dia 16 (quinta-feira), às 21h, no Afrosul Odomodê, em Porto Alegre.

Sinopse (copiei do Alma da Geral):

O filme narra a trajetória do Tambor de Sopapo, que carrega a história da diáspora africana no Rio Grande do Sul. Sua matriz vem pelas mãos e mentes dos africanos escravizados para a região das charqueadas, ao extremo sul do Brasil. É considerado sagrado, retumbando o som por séculos de um purificar religioso para os rituais de matança – realidade presente nas propriedades que produziam o charque entre os séculos XXVIII e XIX. Mas, a partir na década de 1950, inicia seu caminho no carnaval, quando surgiram as primeiras escolas de samba do estado. O Grande Tambor conta uma parte da história sobre a contribuição dos afrodescendentes na formação simbólica e cultural do povo do Rio Grande do Sul. Sobreviveu pelas mãos de Mestre Baptista, Griô, que preservou a memória e a arte da fabricação de um instrumento de som grave e marcante e que hoje é patrimônio brasileiro.

Assista ao trailer:

A fome no mundo em 2009

Um dos textos mais lidos do Cão Uivador é o que escrevi em 13 de setembro de 2007, comentando o “mapa da fome” feito pela FAO, que tinha dados de 1970 a 2003.

E agora descobri um mapa mais atualizado (2009) sobre este triste flagelo da humanidade, que também merece alguns comentários. Os países são divididos em cinco categorias: a primeira engloba os que têm menos de 5% da população subnutrida; a segunda, vai de 5 a 9%; a terceira, de 10 a 19%; a quarta vai de 20 a 34%, e a quinta corresponde aos países onde 35% ou mais da população sofre de subnutrição.

A situação da África, por exemplo. Mudou muito pouco desde 2003. Naquela ocasião, apenas cinco países africanos estavam na categoria 1: Líbia, Argélia, Tunísia, Egito e África do Sul (único que não se localiza na “África árabe”, setentrional). Agora, mais dois países se juntaram ao seleto grupo: Marrocos (África setentrional) e Gabão (central) – ou seja, a maioria ainda é de países do norte do continente, árabes e muçulmanos (os “malvados” segundo a visão de mundo tosca de muitos).

E por falar em muçulmanos, é digna de nota a situação do Irã, atual “perigo mundial”: segundo o mapa, a subnutrição era um problema para menos de 5% da população iraniana. Ou seja, o país está na mesma categoria que a maior parte da Europa.

Sim, “maior parte”, e não “toda” a Europa. A fome é uma realidade um pouco mais dolorosa para Eslováquia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, Bulgária e Moldávia. Países da Europa Oriental, poderá lembrar algum fã da “civilização” e do liberalismo, que ainda dirá que a fome “é fruto do comunismo” – mas convém lembrar que, exceto a Albânia (país mais pobre da Europa), eles não sofriam de tais problemas antes da queda dos regimes “socialistas”; e também que destes oito países, dois integram a União Europeia (Eslováquia desde 2004 e Bulgária desde 2007), que diziam ser “o paraíso”. Dentre os oito, há até mesmo integrantes da categoria 3 (10-19%), caso de Sérvia, Montenegro e Moldávia.

Já na América Latina, nada mudou muito. Cuba continua com menos de 5% de sua população subnutrida, assim como Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica e México (os dois últimos, novidades em relação a 2003).

O Brasil está um pouco abaixo, de 5% a 9% de subnutrição. Em 2003, o país se enquadrava entre 5 e 15% (ou seja, o critério para categorização era um pouco diferente), e provavelmente o percentual de pessoas subnutridas tenha baixado devido aos programas sociais do governo federal.

Interessantíssima Copa

Terminada a primeira fase da Copa do Mundo, percebi alguns fatos interessantes com base na lista das 16 seleções classificadas para as oitavas-de-final.

Como a decepção da África. Afinal, com a Copa sendo realizada pela primeira vez no continente, esperava mais das seleções africanas. Mas quase que nenhuma delas passa: a única a se classificar foi Gana, e foi por pouco, visto que a Sérvia quase buscou o empate em 2 a 2 contra a Austrália, resultado que eliminaria os ganeses e levaria os sérvios às oitavas-de-final. Sem contar a África do Sul, que mesmo tendo um time muito fraco, jogava em casa e foi eliminada: nunca um anfitrião de Copa havia parado na primeira fase. Até mesmo os Estados Unidos, em 1994, chegaram às oitavas.

Aliás, que evolução tiveram os Estados Unidos! Já falei de 1994. Em 2002, eles foram “zebra”, indo até as quartas. Já em 2010, ficaram com justiça em 1º lugar num grupo que tinha a Inglaterra como favorita. E acredito que chegam pelo menos até as quartas.

Se a África decepcionou, a Ásia tem um ótimo desempenho, com duas seleções (Coreia do Sul e Japão) nas oitavas-de-final, repetindo o feito de 2002 (quando ambas as seleções jogavam em casa – e a Coreia foi até as semifinais). A propósito, a classificação japonesa foi merecidíssima: pensar que em meu primeiro prognóstico para a Copa, feito logo que saíram os grupos, apontei que no grupo E a única certeza seria a eliminação do Japão…

Também vai muito bem a América Latina. O México mais uma vez vai às oitavas – mas para, provável e infelizmente, já cair fora. Tudo porque terá pela frente a Argentina, que vem jogando o melhor futebol da Copa. Os demais sul-americanos também estão nas oitavas, com o continente tendo seu melhor desempenho desde quando passou a ter direito a cinco representantes (na verdade são “quatro e meio”, já que uma das vagas é disputada em repescagem contra outra confederação): todas as seleções da América do Sul passaram da primeira fase. Nas quartas, teremos no máximo quatro, já que Brasil e Chile se enfrentam nas oitavas, mas é certo que um sul-americano já está lá.

Em compensação, a Europa tem um de seus piores desempenhos, com apenas seis seleções nas oitavas-de-final (para se ter uma ideia, em 2006 tal número correspondia aos europeus nas quartas-de-final; em 1994, sete europeus estavam entre os oito melhores). E eles já vão “se matar”, restando apenas três para as quartas. Assim, já é certo que não teremos uma “Eurocopa” nas semifinais, como aconteceu em 2006.

E não nos surpreendamos se, pela primeira vez na história das Copas, não tivermos nenhuma seleção europeia entre as quatro melhores, e também se as semifinais forem uma “Copa América”.

E na Copa, torces para quem?

O Milton Ribeiro escreveu um belo texto no seu blog sobre a Seleção Brasileira e a falta de identificação de muitos brasileiros com o time.

Hoje em dia, basta dar uma olhada nas listas de convocações para perceber que a maior parte dos jogadores que, dizem, “representam o Brasil”, atuam em clubes europeus. É raro alguém ir a um estádio brasileiro e ver, ao vivo, um destes “seus representantes”. Três semanas atrás, naquele Grêmio x Santos, eu vi Robinho, e só – já que Victor não foi convocado para a Copa do Mundo.

E o pior é que nem se pode mais falar isso apenas para se referir aos clubes onde atuam os jogadores da Seleção Brasileira. Nos últimos anos, a CBF simplesmente não marcou mais amistosos por aqui, exceto aquele Brasil x Portugal (6 x 2) jogado em 2008 na reinauguração do Bezerrão, em Brasília (a propósito, por que construir outro estádio “moderno” lá para a Copa de 2014, ao invés de ampliar o já existente?). A Seleção joga onde “pagam mais”: ou seja, mais que um time que representa um país, virou uma “marca”.

E do jeito que vai, não duvidemos que nas Eliminatórias da Copa de 2018 a Seleção mande seus jogos em sua “nova casa”, o Emirates Stadium

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Quanto à pergunta do título: este ano, pelo menos, vejo a Seleção com menos antipatia do que em 2006, quando chegava a sentir nojo (além da baderna, a “grande mídia” insistia naquela porra de “quadrado mágico” que só funcionava na ficção). Assim fica mais fácil torcer por ela – ou não secá-la.

Mas não escondo que acharia muito bacana ver a Copa sendo levantada pelo Uruguai ou por alguma seleção africana. Se não der nenhum deles (o que é mais provável), pode ser a Argentina (por causa do Maradona) ou a Holanda (para reparar uma tripla injustiça, já que a Laranja Mecânica era o melhor time nas Copas de 1974, 1978 e 1998, e não ganhou nenhuma delas).

E tu, leitor ou leitora, torces para quem?

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Atualização (03/06/2010, 02:49): mais um texto interessante sobre “torcer ou não pela Seleção”, lá no Somos todos torcedores.

O “vulcão da Islândia” tem nome, pessoal!

Há cerca de um mês a Europa sofre um “caos aéreo” (aliás, tava pensando que se é “aéreo”, deveria ser “no ar” e não “nos aeroportos”) por conta da nuvem de cinzas decorrente da erupção do vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia. Aliás, até no norte da África foi preciso restringir voos devido às cinzas vulcânicas.

Porém, caos maior, sem dúvida alguma, se instalou nas emissoras de rádio e televisão por aqui: como pronunciar o nome do vulcão??? Eu até consigo falar, mas como se fosse em português, pois em islandês (um idioma de origem escandinava, mas extremamente isolado até por conta da geografia, e por isso, complicado para quem não o fala) eu ainda não consegui entender. Já os locutores do rádio e da TV, na dúvida, preferem dizer “vulcão da Islândia”…

E dizem que a erupção anterior do Eyjafjallajökull, no século XIX, durou dois anos. A diferença é que naquela época a consequência era, no máximo, diminuição da incidência dos raios solares sobre a Terra e, consequentemente, verões menos quentes e invernos mais frios. Hoje, causa um caos nos aeroportos.

Bom, se durar todo esse tempo de novo, que aprendamos, no mínimo, a dizer o nome do vulcão… E acho que não é pedir demais que também se pense em outras modalidades de transporte como as ferrovias – viajar de avião é mais rápido, mas o trem oferece mais velocidade e segurança em relação às rodovias (lembram do aumento das mortes nas estradas brasileiras na sequência do “caos aéreo” de 2006-2007?), sem contar que as cinzas vulcânicas não os impedem de circular.

E não pensem que isso não vale para o Brasil. Boa parte de nossos vizinhos têm vulcões, cujas cinzas podem tranquilamente nos atingir.