Manobrista bêbado

Quem aceitaria que seu carro fosse estacionado por um manobrista bêbado? Em sã consciência, ninguém…

Trata-se de uma genial campanha de dois bares em São Paulo – aliás, são os mesmos que cobraram “valores absurdos” de seus clientes, como forma de lembrar a eles que dirigir alcoolizado pode sair muito caro do que pegar um táxi.

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Todo mundo sofre

Já havia postado anteriormente o vídeo abaixo, faço-o novamente agora, em razão das festas de fim de ano e do início das férias de verão, quando muitos vão para a estrada.

É a campanha veiculada no final do ano passado pela TAC (Transport Accident Comission), do Estado de Victoria, Austrália. Simplesmente a melhor deste tipo que lembro de ter visto, pois não se limita ao “dirija com cuidado”, e sim, mostra bem o sofrimento que um acidente impõe não só à sua vítima (quando sobrevive), como também a todos que convivem com ela e lhe querem bem.

Campanha SENSACIONAL sobre acidentes de trânsito

Campanha da TAC (Transport Accident Commission), do Estado de Victoria, Austrália, veiculada no final de 2009. Talvez a melhor que eu já tenha visto: ao invés de se limitar ao “dirija com cuidado” (que muita gente esquece quando senta ao volante do carro) ou a mulheres conhecidas dizendo que não gostam de sair com homens que correm, mostra bem o sofrimento que um acidente impõe não só à sua vítima (quando sobrevive), como também a todos que a cercam e lhe querem bem. “Pesquei” lá no Apocalipse Motorizado.

O custo de dirigir alcoolizado

Ideia genial de dois bares em São Paulo: adicionar à conta dos clientes todas as possíveis despesas proporcionadas pelo fato de saírem dali dirigindo após consumirem bebidas alcóolicas. Já que a morte em um acidente parece não assustar, é preciso “doer no bolso”. Como disse o Hélio Paz, “esta é a linguagem ideal para se atingir uma juventude consumista e individualista”.

Voltar de táxi sai muito mais barato. E permite tomar aquela cerveja gelada sem preocupações.

A culpa é das árvores

Ontem, no “Painel RBS”, o estudioso do trânsito Mauri Panitz e o vice-governador Paulo Afonso Feijó culparam postes e árvores à beira de estradas e avenidas por acidentes de trânsito. Feijó perdeu sua filha há um mês atrás, quando o carro dela bateu em um poste.

Ou seja, para eles não devemos ter palmeiras e outras árvores para embelezar nossas ruas e nos proporcionar a tão desejada sombra no verão, devemos ter avenidas inóspitas, apenas com concreto e sem nenhum verde, tal como a Farrapos. Em nome da “segurança no trânsito”.

E pensar que eu achava que a violência no trânsito se devia ao excesso de carros, à cultura da velocidade, à falta de meios de transporte alternativos à opção rodoviária…

Conseqüência do excesso de carros

A RBS lançou uma campanha institucional pela redução do número de acidentes de trânsito. Na Zero Hora de hoje, todos os colunistas vestiram a camiseta da campanha.

Seria muito melhor se ao invés de pedir aos motoristas que não corram – há anos se faz isso, e de nada adianta, as mortes nas rodovias continuam – a RBS fizesse uma campanha para que se reduzisse a motorização da sociedade. Que se investisse mais em ferrovias – uma das formas mais seguras de se viajar – do que em rodovias. Quanto mais carros rodando, maiores as chances de acontecerem acidentes.

Mas é claro que isso eles jamais fariam. Afinal, as empresas automobilísticas anunciam em seus jornais. Pedir mais trens e menos automóveis significa menos dinheiro nos cofres.

Na Europa, o trem é um dos meios de transportes mais utilizados. Já o Brasil decidiu imitar os Estados Unidos e priorizar a rodovia. Com a chegada da indústria automobilística ao país, durante o governo de Juscelino Kubitschek (que, ironicamente, morreu num acidente de carro), as ferrovias foram abandonadas e o Brasil passou a cultuar o automóvel, a considerá-lo um “símbolo de desenvolvimento”: quem não lembra da choradeira dos nossos “formadores de opinião” quando a Ford decidiu não ficar no Rio Grande do Sul porque o Olívio não lhe repassaria milhões de mão beijada?

Some-se a isto o fato de que para muitos motoristas – principalmente homens – o automóvel é uma extensão de si mesmo, daí a “necessidade” de mostrar a potência do motor acelerando o carro. Resultado: mortes e mais mortes nas estradas.