O ano de 1996 foi muito bom para o Grêmio. Um pouco menos glorioso que 1995, é verdade, já que a Libertadores não veio. Mas ganhamos o Campeonato Brasileiro, em uma final sofrida. E que teve minha presença no Olímpico.
5. Grêmio 4 x 0 Santo Ângelo (Campeonato Gaúcho, 12 de maio)
O mais marcante da partida é que pela primeira vez assisti ao jogo das cadeiras. E percebi o quão menos animado era tal setor: quando o árbitro não marcou um pênalti para o Grêmio, imediatamente levantei e comecei o tradicional “feira da fruta”. Gritei praticamente sozinho meus palavrões…
6. Grêmio 2 x 1 Caxias (Campeonato Gaúcho, 26 de maio)
Outro jogo que poderia ter caído no esquecimento, não fosse um fato curioso: passei mal no estádio.
Hora antes da partida, almocei com meu pai num restaurante próximo à casa dele. Mais: comi feito um urso após o inverno. A barriga cheia somada às comemorações dos gols do Grêmio não podia dar bom resultado.
Um fato curioso: onde era o restaurante, hoje funciona uma funerária.
7. Grêmio 1 x 0 Portuguesa (Campeonato Brasileiro, 29 de setembro)
Nesse jogo, não quis sair antes do fim. Graças a isso, vi o gol de Rivarola, marcado nos últimos minutos. Tinha aprendido a lição daquele Grêmio x Sport do ano anterior.
8. Grêmio 1 x 0 Juventude (Campeonato Brasileiro, 13 de outubro)
Ambos os times faziam boa campanha, mas esta partida fez as coisas mudarem. O Grêmio engrenou de vez, rumo à classificação para as finais; já o Juventude entrou numa série de maus resultados que levaram o time a acabar o campeonato mais perto dos rebaixados do que dos classificados.
9. Grêmio 1 x 1 Palmeiras (Campeonato Brasileiro, 27 de outubro)
O jogo mais aguardado da primeira fase: Grêmio e Palmeiras se reencontravam após o confronto (em todos os sentidos) pela Copa do Brasil, quando deu Porco e após a partida de volta, no Olímpico, houve briga generalizada. Viola abriu o placar para o Palmeiras, mas Paulo Nunes fez, de cabeça, o gol de empate do Grêmio.
10. Grêmio 0 x 2 Coritiba (Campeonato Brasileiro, 17 de novembro)
Pachequinho e Basílio (o mesmo que em 2003 jogaria pelo Grêmio) marcaram os gols da vitória do Coxa, em tarde de calor e solaço – pela primeira vez fui nas cadeiras centrais, onde o sol bate direto durante à tarde.
11. Grêmio 1 x 3 Goiás (Campeonato Brasileiro, 24 de novembro)
Com o Grêmio já classificado para as finais, Felipão não foi nada bobo: escalou time misto na última rodada da fase inicial. O Goiás aproveitou e construiu a vitória já no primeiro tempo, quando abriu 3 a 0. Aílton descontou na segunda etapa, mas o destaque foi ao final: a torcida, ao invés de vaiar a má atuação gremista, saiu cantando, feliz da vida.
Tudo porque, em Bragança Paulista, o Inter perdeu por 1 a 0 para o já “rebaixado” Bragantino (as aspas se devem à virada de mesa que manteria o clube paulista na Série A em 1997, junto com o Fluminense), e assim perdeu uma classificação que parecia certa. Foi o placar do Olímpico que levantou a galera: TORCEDOR GREMISTA, “ELES” ESTÃO FORA.
12. Grêmio 2 x 2 Goiás (Campeonato Brasileiro, 8 de dezembro)
Duas semanas depois, Grêmio e Goiás se enfrentavam novamente no Olímpico. Desta vez pela semifinal, com boa vantagem gremista: após vencer por 3 a 1 no Serra Dourada, o Tricolor podia até perder por dois gols de diferença que ainda assim se classificaria para a final. Jogando tranquilo, o Grêmio permitiu que o Goiás estivesse por duas vezes à frente do placar, mas sem jamais ter sua vaga ameaçada, e ao final, acabou empatando em 2 a 2. Os dois gols gremistas foram de Adílson.
13. Grêmio 2 x 0 Portuguesa (Campeonato Brasileiro, 15 de dezembro)
Esse foi o maior de todos os jogos que assisti no Olímpico. Final de Campeonato Brasileiro, e ao contrário do que aconteceu na semifinal, o Grêmio em desvantagem: tinha levado 2 a 0 em São Paulo e por isso precisava vencer por dois gols de diferença.
A partida começava às sete da noite. Cheguei ao estádio às três, a fila era quilométrica. Debaixo de um solaço. Não me importei: valia a pena para ver o Grêmio campeão. Faltando duas horas para o início do jogo, o Olímpico já estava lotado.
O gol de Paulo Nunes, no início, deu a impressão de que seria fácil. Mas, como qualquer um que estava no Olímpico naquele fim de tarde lembra, não foi. O tempo passava, e nada de sair o segundo gol, que daria o título.
Quando faltavam aproximavamente 10 minutos para o final, Felipão tirou Dinho e pôs o contestadíssimo Aílton no lugar. Houve um ou outro protesto por parte de torcedores, mas a maioria estava focada mesmo em dar um jeito de fazer o Grêmio chegar ao segundo gol. Quando vi o camisa 15 entrar no gramado no lugar de Dinho, na hora me passou um pensamento pela cabeça: “o Aílton vai fazer o gol do título”.
E fez. Quando Carlos Miguel levantou aquela bola na área e a zaga da Lusa rebateu, lamentei mais uma possibilidade de gol perdida. Então, vi aquele jogador distante meter uma patada na bola. Tive a impressão de que fora para fora, me levando a lamentar mais uma vez. Mas um décimo de segundo depois, o estádio levantou gritando gol. Questão de lógica: se 50 mil pessoas gritam gol, só pode ser gol. E vibrei junto. Logo depois, a informação: AÍLTON!
Fato curioso: também quando faltava em torno de 10 minutos para o final do jogo, minha mãe quis ir embora, achando que não dava mais. Lembrando o primeiro jogo com a Portuguesa no campeonato, três meses antes, decidi que não arredaria o pé do estádio. Ela também decidiu não sair, e assim, pudemos festejar muito ao final.
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Estatísticas de 1996:
- Jogos: 9
- Vitórias: 5
- Empates: 2
- Derrotas: 2
- Gols marcados: 14
- Gols sofridos: 9