Os 10 anos do Orkut

Em meados de 2004, recebi um e-mail de minha amiga Ísis. Achei estranho: a mensagem era em inglês, e tinha um link; confiei no meu antivírus e cliquei. Apareceu a tela abaixo:

orkut2004

Pouco depois, desconectei da internet (sim, naquela época se fazia isso, pois a conexão era discada, não era só ligar o computador e abrir o navegador), peguei o telefone e liguei para a minha amiga. Então ela me explicou o que era aquilo: uma página em que nos conectávamos aos amigos, descobríamos quantas amizades em comum tínhamos etc. Quando consegui entrar novamente na internet (pois é, às vezes a conexão não vinha…), fiz meu cadastro naquele tal de Orkut – que deve seu nome ao engenheiro do Google que o desenvolveu, o turco Orkut Büyükkökten. E, ainda sem entender bem para que serviria aquilo (afinal, não era um bate-papo como o ICQ e o MSN), comecei a adicionar comunidades.

Amizades, não: por cerca de um mês, tinha apenas a Ísis na minha lista, e não sabia de mais ninguém que usava o Orkut. Era uma novidade para muita gente, ainda mais que não era qualquer um que podia entrar: era preciso ser convidado. Cheguei a enviar alguns convites, mas demorou até a lista de amizades aumentar. Mas, quando isso começou a acontecer, não parou mais.

Logo, descobri o que considero uma das melhores coisas dessas chamadas “páginas de redes sociais”: a possibilidade de reencontrar pessoas com as quais não falamos há muito tempo. Amigos de infância com os quais se perdeu o contato, ex-colegas de escola etc. O que a vida tinha separado pelos mais diversos motivos (mudanças de endereço, de escola, pouco tempo para reencontros etc.), o Orkut oferecia a possibilidade de reunir.

A frequência de visitas ao Orkut aumentou bastante, já que havia mais pessoas com quem interagir, além das comunidades – várias eram inúteis, é verdade, mas outras eram um excelente espaço de discussão. Muitas vezes, chegava a passar horas na rede. Não ininterruptas, é claro.

orkut-nodonut

Mas não só por causa dessa “agradável” tela aí de cima. Como falei, em tempos de conexão discada, existia hora para entrar na internet – ou seja, quando as ligações eram mais baratas. Isso mudou a partir do momento em que passei a ter banda larga: bastava ligar o computador e abrir o navegador. E assim, as interrupções do Orkut passaram a ser, basicamente, a telinha acima. Tinha também algo chamado “estudar”, por causa da faculdade, o que me obrigava a ficar longe do Orkut mas com vontade de acessá-lo.

No início de 2006, tinha a perspectiva de disciplinas bastante difíceis. Temia “não dar conta”. Assim, o Orkut “pagou o pato” e desativei minha conta.

Foram quase três anos longe da rede. O retorno se deu no início de 2009, ao mesmo tempo em que criava meus perfis no Twitter e no Facebook. A princípio, não pensava em voltar ao Orkut: a entrada no Twitter era por curiosidade, por perceber que aumentava o número de blogueiros o utilizando; já no Facebook, aceitei um convite do meu amigo Hélio – que da mesma forma que a Ísis nos meus primeiros tempos no Orkut, por bastante tempo foi meu único contato na rede.

A volta ao Orkut se deu por “nostalgia”. Não da rede, e sim de minha antiga escolinha, o Esquilo Travesso, onde fiz o Jardim de Infância. No final de janeiro de 2009, li uma notícia sobre o fechamento do Esquilo, o que me motivou a escrever sobre ele. Assim, o retorno se deveu à vontade de tentar reencontrar os colegas daquela época: entrei na comunidade, mas não achei ninguém que tenha terminado o Jardim de Infância em 1988. Porém, também vi o retorno ao Orkut como uma maneira de divulgar mais o Cão Uivador – que não existia em 2006, quando cometi meu primeiro “orkutcídio”.

Pois é, o primeiro. Pois houve um segundo – e, por enquanto, definitivo. Em 2010 o Facebook começou a crescer rapidamente e “roubar” a hegemonia do Orkut – que até o final de 2011 se manteve como a rede mais usada pelos brasileiros (e o Brasil era o único país onde o Orkut era tão popular, visto que seu uso decaíra na Índia, onde também era a principal rede). Foram vários os motivos de tamanha mudança, mas o fato é que, com o Facebook crescendo muito e virando moda, o Orkut começou a minguar, com os amigos pouco acessando e/ou simplesmente apagando seus perfis. A relevância que tinha o Orkut até 2010 passou a ser do Facebook.

Assim, em algum dia ali por 2012 ou 2013, decidi desativar minha conta. Antes de “apagar a luz”, decidi conferir o número de amigos que ainda tinha: era bem menos da metade em comparação com o que já tivera.

Porém, 10 anos após o surgimento do Orkut (que foram completados ontem, dia 24), engana-se quem pensa que o Google pensa em acabar com ele. Ainda há um considerável número de pessoas que o utilizam – especialmente no Brasil, claro. Principalmente pelo que ele tem e o Facebook não: as comunidades, que não só dizem do que gostamos, como também funcionam como um interessante espaço para debates. É até mesmo algo que faz pensar em reativar a conta no Orkut – além, é claro, da sensação de “viagem no tempo” que isso proporcionaria. Quem sabe não seja uma boa ideia?

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3 comentários sobre “Os 10 anos do Orkut

  1. orkut é muito melhor do que facebook, no facebook só se posta bobagens enquanto no orkut há espaço para discussões e debates. Pena que muita gente saiu do orkut.

  2. Pingback: O fim do Orkut | Cão Uivador

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