Meu irmão, nada poético em dias de Gre-Nal (caso deste domingo), deve o nome ao poeta Vinicius de Moraes, cujo nascimento completou 100 anos ontem. Quatro anos após meu nome ter sido escolhido pelo meu pai e – literalmente – referendado em uma votação familiar realizada em Rio Grande, foi a vez da minha mãe escolher; meu pai, fã do poetinha, sequer pensou em fazer alguma ressalva.
Além de genial poeta e compositor, Vinicius de Moraes era também um boêmio inveterado – só o fato de considerar o uísque como “cachorro engarrafado” dá uma ideia do quanto apreciava a bebida. E isso resultou em histórias sensacionais, algumas delas contadas pelo meu pai no almoço de sábado.
A primeira delas, é sobre uma surreal entrevista à televisão, gravada na manhã seguinte a uma apresentação aqui em Porto Alegre. O repórter foi encontrá-lo no hotel, e Vinicius logo pediu uísque. Ao final, ambos estavam completamente bêbados, e o mais incrível: a entrevista foi ao ar!
Outra, aconteceu em uma apresentação de Vinicius em Pelotas. Boêmio que era, seu palco contava com uma mesa de bar, e sobre ela uma garrafa de uísque (óbvio…), um cinzeiro e cigarros. Num intervalo, um jovem decidiu subir no palco e pegar como lembrança do espetáculo justamente a garrafa que ainda tinha um pouco de uísque. Quando Vinicius retornou, anunciou que a apresentação não continuaria caso a garrafa não fosse devolvida. Ofereceram outra, da mesma marca, mas ele foi irredutível: queria aquela que antes estava na mesa, para terminar de bebê-la e só então abrir uma nova. O jovem que subiu no palco, temendo levar uma surra, não teve coragem de devolver a garrafa e o espetáculo foi realmente encerrado…