Que feio, Suárez!

Um gesto, e opiniões opostas: aquela mão na bola de Luis Suárez no jogo contra Gana, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2010. Foi ela que impediu que Gana vencesse e uma seleção da África chegasse pela primeira vez a uma semifinal de Copa.

O gesto tornou Luisito Suárez herói para os uruguaios: conforme preveem as regras do futebol, ele foi expulso, e assim “se sacrificou pela pátria”. O mesmo ato, porém, o transformou em vilão para os africanos, mesmo que tenha levado o cartão vermelho. Na disputa do terceiro lugar da Copa, entre Uruguai e Alemanha (3 a 2 para os alemães), as vuvuzelas paravam de soar quando Suárez tocava na bola: o barulho ensurdecedor das cornetas era substituído por vaias.

Porém, os africanos teriam muito mais motivos para vaiar Suárez agora. O uruguaio, que atualmente joga pelo Liverpool, foi acusado pelo francês Patrice Evra, do Manchester United, de tê-lo insultado de forma racista, em partida pelo Campeonato Inglês disputada em outubro passado. A Football Association considerou Suárez culpado e o puniu com oito jogos de suspensão.

Ontem, já com Suárez em campo, o Liverpool enfrentou o Manchester United na casa do adversário. Então, aconteceu o fato lamentável: no momento em que os jogadores dos dois times trocavam apertos de mão antes da bola rolar, Suárez recusou-se a apertar a mão de Evra, acirrando os ânimos no gramado.

Pode-se muito bem dizer que Suárez estava furioso com o francês, e assim não quis cumprimentá-lo. Só que isso não é justificativa – ainda mais num ato que é meramente protocolar. Provavelmente será punido novamente, por atitude antidesportiva.

Ruim para o próprio Suárez, ruim também para o Uruguai que, antes de se consagrar nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928 (além das Copas de 1930 e 1950), foi o primeiro país sul-americano a contar com jogadores negros em sua seleção de futebol. No Campeonato Sul-Americano de 1916, Isabelino Gradín e Juan Delgado foram escalados para enfrentar o Chile; o primeiro marcou dois gols na vitória de 4 a 0. No dia seguinte, a delegação chilena exigiu a anulação da partida alegando que o Uruguai “havia escalado dois africanos”.

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