Fui à versão chilena do Google Maps e fiz uma busca por “avenida Augusto Pinochet”, para ver se havia alguma com o nome do ex-ditador do país (1973-1990). Não encontrei, troquei “avenida” por “calle”, e o resultado foi idêntico, tentei “plaza” e de novo, nada. O Chile não homenageia Pinochet sequer em algum nome de praça.
Então me dirigi “ao leste”: busquei logradouros com nomes de alguns ex-ditadores da Argentina e, de novo, não encontrei.
Na versão paraguaia, busquei logradouros com o nome de Alfredo Stroessner, ex-ditador do Paraguai (1954-1989). Aí sim apareceram dois resultados: uma “colônia” e uma praça. Só que a primeira homenageia Stroessner apenas como general, já a praça o chama de “presidente”. Ah, e se o leitor pensa que ambos os lugares se encontram no Paraguai, se enganou.
A “colônia”, essa sim é no país que Stroessner governou ditatorialmente, já a praça (que, lembrando, o homenageia como “presidente”) se encontra no Brasil… Mais precisamente, em Guaratuba (PR).
Onde mais poderia ser, né? Afinal, o que não falta em nosso país é praça, rua e avenida que homenageie ex-ditador (aqui em Porto Alegre, por exemplo, a principal via de entrada da cidade se chama “avenida Castelo Branco”). Até bairros, e mesmo cidades temos. É só fazer uma busca no Google Maps pelo nome de algum ex-ditador.
Então, não me surpreende que em Rio Grande se queira homenagear com um monumento o general Golbery do Couto e Silva. Nascido na cidade em 21 de agosto de 1911, Golbery conspirou por vários anos contra a democracia brasileira, e foi um dos principais elaboradores do golpe de 1964. Porém, como a maioria das pessoas têm “memória curta”, Golbery acabou entrando para a história como “democrata”, por ter articulado a abertura “lenta, segura e gradual” (que fez a ditadura no Brasil terminar numa eleição indireta). Sim, “abertura política” depois do “fechamento” para o qual ele também colaborou decisivamente… Muito fácil ser “democrata” assim.
Só nos resta uma alternativa (que não é “deitar e chorar”): fazer pressão! Clique e subscreva o abaixo-assinado contra o monumento em homenagem a Golbery.
Deve estar sobrando dinheiro lá em Rio Grande. Porém, acho q seria de grande utilidade pública que fossem feitos monumentos com personalidades da história, ditadores ou não, mas contando quem realmente foram. Homenagear pessoas anti-democráticas está fora de cogitação. Contar a história real é necessário.
Aqui no Ceará é só o que tem. Temos uma castelo branco, uma floriano peixoto, uma virgílio távora… sem contar os outros aristocratas do estado. e a av. Carlos Jereissati, que o Tasso resolveu usar pra homenagear o pai.
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