Na Zero Hora de hoje, disseram que o problema são as ruas da cidade, estreitas demais. Na mesma edição, mas em outra página, está a resposta para a pergunta que é título do post – claro que não na opinião de ZH…
O jornal saúda a ampliação da fábrica da GM em Gravataí. Dali sairão milhares de automóveis que ajudarão a entupir ainda mais as ruas das grandes cidades brasileiras. De nada adiantará alargar avenidas, construir viadutos etc.: isso apenas fará mais carros entrarem em circulação. Não adianta nada.
A medida mais urgente a ser tomada é a melhora do transporte público, para que as pessoas que andam sozinhas em seus carros percebam que há uma alternativa de qualidade. Outra boa ideia é dotar as cidades de abrangentes malhas cicloviárias, como se fez em Bogotá.
Mas também é urgentemente necessária uma mudança de mentalidades. De nada adiantará termos uma rede de ciclovias que interligue a cidade toda, e também um sistema de transporte público perfeito, enquanto a posse de um automóvel representar status. É preciso desconstruir tal visão de mundo: ela está contribuindo sobremaneira para o caos nas ruas.
Uma pequena contribuição para isso é o excelente documentário Sociedade do Automóvel, de Branca Nunes e Thiago Benicchio. Apenas 39 minutos que esclarecem bastante.
O pior do carro realmente é a simbologia do status. No nosso país não se é bem sucedido sem ter ao menos um fusca. Difícil apagar isso, mas talvez seja só uma questão de tempo, espero. Não sei se estaremos aqui pra ver a bicicleta triunfar.
Tomara que possamos ver o triunfo da bicicleta – do contrário, veremos o caos absoluto que será o dia em que a cidade irá PARAR.
Em maio de 2009:
http://poavive.wordpress.com/2009/05/22/antes-que-a-cidade-pare/
Da coluna do jornalista Affonso Ritter:
O que fazer para a cidade não parar
Continua repercutindo a notícia da pesquisa divulgada pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, segundo a qual Porto Alegre vai parar em 2012 por causa dos congestionamentos de veículos. Embora o prefeito José Fogaça considere exagerada a conclusão, ele refere três iniciativas em andamento para enfrentar a situação. A primeira delas é engenharia de tráfego, com a presença de câmeras pela cidade, comandadas pela EPTC. A segunda, as obras na 3º Perimetral: viaduto na Bento Gonçalves, passagem de nível na Plínio Brasil Milano e trincheira na Anita Garibaldi. E a terceira, os portais da cidade, para racionalizar o fluxo de ônibus.
Parece que a notícia da pesquisa da Fundação Dom Cabral é muito mais realista do que as ações de nosso executivo e legislativo municipal.