Protestos contra o projeto do Parque Tecnológico da UFRGS

Na manhã de ontem, estudantes da UFRGS e membros de movimentos sociais promoveram um protesto contra a votação (que acabou não acontecendo) pelo Conselho Universitário (CONSUN) do projeto de criação do Parque Tecnológico da universidade. A manifestação foi reprimida com violência pela segurança do Campus Centro.

Se há manifestação contrária, é porque há gente que não concorda com o projeto como ele foi apresentado. E o direito à expressão de quem é contra deve ser assegurado.

Desta forma, é lamentável que o DCE da UFRGS, cuja atual gestão se define como “DCE Livre”, publique uma nota oficial dizendo que “não é concebível oposição a uma proposta que traz benefícios a toda a comunidade acadêmica e à sociedade em geral”. Será? De acordo com os críticos, o projeto beneficia mais as empresas privadas do que a sociedade em geral, mesmo que a universidade seja pública.

A atual gestão do DCE critica as anteriores porque estas teriam representado mais os interesses de partidos políticos do que dos estudantes, e sem consultá-los para saber o que achavam. É uma crítica que pode ser considerada procedente, já que nas eleições a esquerda sempre se divide em duas ou três chapas, cada uma ligada a um partido político; a que vence, na prática, faz com que a gestão do DCE seja ligada ao partido apoia a chapa eleita.

Pois bem: como a atual gestão venceu a última eleição tendo como algumas de suas bandeiras a “despartidarização” e a “liberdade”, poderia  agora colocá-las em prática, promovendo uma consulta à comunidade universitária (estudantes, servidores e professores) para saber o que ela pensa sobre o projeto, ao invés de tentar empurrar goela abaixo de todo mundo a sua opinião favorável, como que dizendo “quem não concorda que cale a boca”. (E de nada adianta querer justificar a postura adotada afirmando que as antigas gestões não consultavam os estudantes: um erro não justifica outro.) Seria a oportunidade de serem realizados debates abertos ao público, com tempos iguais para favoráveis e contrários apresentarem seus argumentos.

10 comentários sobre “Protestos contra o projeto do Parque Tecnológico da UFRGS

  1. Se vocês olharem o folder de campanha da chapa 3, agora DCE Livre-UFRGS, verão que o parque tecnologico vai ao encontro das propostas que elegeram a atual gestão do DCE-UFRGS. Esclarecendo que o DCE UFRGS getão 2008/2009, que agora lidera as manifestações, estava nas discussoes sobre o parque e não apresentou naquele momento nada(isso é provado pelo parecer do documento), mostrando que tal manifestação nada mais foi que uma jogada política utilizando como massa de manobra pessoas de “movimentos sociais”.

    • Como diz o ditado, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Se considerarmos que favoráveis ao Parque Tecnológico são os que votaram na chapa que atualmente é a gestão do DCE, isso quer dizer que apenas 34,82% defendem o projeto. Que algum matemático me explique como pode 34,82% valer mais do que 65,18% (que são os eleitores de outras chapas).

      Taí mais um motivo para se fazer a consulta: pode-se saber se, de fato, apenas 34,82% são favoráveis ao Parque.

      E, por favor, essa de “massa de manobra”, comigo, definitivamente não cola.

      ————

      P. S.: Isso não quer dizer que eu deslegitime a vitória da Chapa 3: pode-se até criticar o sistema eleitoral que prevê um só turno e permite que uma chapa vença sem ter mais de 50% dos votos; mas se a regra é essa, mudá-la “com o jogo em andamento” ou após seu final é golpe, e isso é inadmissível. Se é para mudar, tem de ser antes da eleição.

  2. Se só em cidades com porte maior que 200 mil habitantes fazem o segundo turno, pq numa eleição de dce fariam?
    E como é uma democracia representativa e as idéias da chapa 3 venceram, acho muito justo o posicionamento do DCE.
    E, sim, massa de manobra, pois não vejo nenhum destes movimentos protestarem contra atrocidades que estão cometendo na nossa democracia como o tal do PNDH III que passa por cima da constituição. Se são de movimentos camponeses, pq saem fazendo depredações ao patrimonio publico(como fizeram na ufrgs) e ao privado(como fizeram numa empresa de celulose)?

    • Acho que o segundo turno é necessário em qualquer eleição com mais de dois candidatos, para que o vencedor tenha a maioria absoluta e assim possa governar sem problemas.

      A Chapa 3 venceu, mas 65,18% dos que participaram do processo optaram por outras chapas. O posicionamento do DCE pode ser justo – tem todo o direito de defender o que bem entender – mas não pode achar que a maioria dos estudantes concorda (afinal, essa é a crítica que se faz às gestões anteriores, né?).

      Quanto à “massa de manobra”, já deu para perceber que para ti qualquer um que seja de esquerda é “massa de manobra”… E o PNDH III não é atrocidade nenhuma – atrocidade é ser CONTRA ele, é defender a ditadura militar e a impunidade aos torturadores!

  3. Não, realmente estás tirando uma suposição falsa de minha pessoa. Falo de massa de manobra, pois qndo houve o escandalo do mensalão onde estavam estes movimentos?
    O PNDH III vai contra o direito de propriedade privada e a liberdade de expressão entre outros, direitos estes defendidos pela constituição. Sou a favor da revogação da lei da anistia para punir torturadores desde que também punam terroristas que utilizaram desculpas políticas para cometerem atrocidades contra civis.
    A ditadura militar acabou há anos.

    • Se lembras bem, houve protestos contra o mensalão. Pois se falarmos em partidos, boa parte dos que estavam na reitoria sexta, e eram ligados à gestão anterior do DCE, são integrantes do PSOL, que sempre marcou posição muito clara CONTRA a corrupção. Ou vais dizer que o PSOL é governista? :p

      O PNDH III não vai contra o direito à propriedade privada e a liberdade de expressão. Contam-se muitas mentiras sobre o PNDH III (que é uma sequência dos planos anteriores, do governo FHC – por que ninguém acusava o FHC de “querer acabar com a liberdade de expressão”?). Clica aqui para ver: http://molduradigital.blogspot.com/2010/01/comecou-campanha-eleitoral.html

      Quanto à revogação da lei da anistia para punir torturadores (tortura é crime de lesa-humanidade, que não prescreve nunca) desde que também punam terroristas que utilizaram desculpas políticas para cometerem atrocidades contra civis, concordo totalmente. Lá se vão quase 30 anos do atentado do Riocentro, sabe-se que foi tramado pelo aparato repressor da ditadura (que não estava disposto a ser desativado), mas nunca foi bem esclarecido e seus mentores ficaram impunes. Assim como outros diversos atentados a bomba cometidos pela extrema-direita (como o contra a OAB-RJ, em 27 de agosto de 1980, que vitimou sua funcionária Lyda Monteiro), que foram atrocidades contra civis. Já os militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura já foram punidos pela própria, sendo presos e torturados (queres punição pior que isso?).

  4. Não, eu li o pndh III e sei do que estou falando.. Hoje, muitos militantes da esquerda que cometeram atrocidades contra civis e foram punidos pela ditadura como dizes ganham pensões enquanto parentes de vitimas destes atentados se confortam no cemitério levando flores.
    Tortura? Crime. Atentado a vida? Crime.
    Crime não tem lado, crime é crime.

    • Que eu saiba, há gente que recebe pensão indenizatória não por ter pego em armas contra a ditadura, e sim, por ter sido perseguido por questões políticas após expressar alguma opinião contrária ao governo ditatorial (caso de Carlos Heitor Cony). Para considerar isto como “atrocidade”, é preciso defender a ditadura.

      Concordo que crime não tem lado. Por isso mesmo é preciso punir a direita, a esquerda já o foi. Sem contar que a direita matou mais, muito mais. E ninguém da direita foi punido, só da esquerda.

  5. Parabéns camarada Rodrigo, estas ampliando o número de leitores! Até os divergentes o estão lendo… KKK

    Em primeiro lugar é preciso assinalar a ironia de que o George esteja defendendo um projeto de uma gestão “esquerdista” (para quem não sabe o atual reitor da Ufrgs é ligado ao PCdoB). KKK
    Dentro do mesmo é preciso assinalar que o ato dos estudantes está chamando a atenção de que tal projeto está se impondo não apenas sem debates, mas sem o devido conhecimento da imensa maioria das instâncias da própria universidade. Não foi atoa que a reitoria buscou formas no minimo estranhas de aprovar o projeto (como nas férias).

    Com relação aos escândalos do mensalão do Governo Lula, o camarada Rodrigo disse tudo. Eu mesmo participei de atos pelo “Fora Lula”!
    Enquanto isso veja como se portaram os mebros do atual DCE sobre escândalos de corrupção no governo local:
    http://rsurgente.opsblog.org/2010/02/25/quem-sao-eles-afinal/

    Sobre “massas de manobra” seria interessante saber qual a posição social do nosso amigo George. Se ele escreve de uma perspectiva de classe, ou seja, onde ele próprio é proprietário privado de algum meio de produção, divergiremos dele, mas o compreenderemos, afinal estará defendendo o “seu ossinho”.
    Mas se ao contrário, se ele é como a maioria, ou seja, um trabalhador (especializado ou não) e defende assim os interesses do grande empresariado, torna-se risível que chame os outros de “massa de manobra” já que ele próprio não passa de um “boi de piranha” dos interesses das classes dominantes! KKK

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