No último domingo, os venezuelanos aprovaram em referendo emenda constitucional que acaba com o limite para reeleições a cargos executivos (presidente, governadores e prefeitos). Logo, Hugo Chávez poderá concorrer mais uma vez à presidência em 2012. Mas a medida também beneficia governadores e prefeitos opositores, que poderão manter seus cargos indefinidamente.
Ao contrário do que pode parecer, a reeleição ilimitada é péssima para o projeto político de Chávez – ainda mais pelo fato de tal projeto ser vinculado a apenas uma pessoa, o próprio Chávez. Nunca estive na Venezuela, mas me baseio no que falou o Eduardo Guimarães, que já esteve lá mais de uma vez.
Hugo Chávez simplesmente não tem quem o substitua na presidência da Venezuela, ainda mais no atual contexto de forte polarização entre elite e povo. Como disse o Eduardo, “O problema, ali, é o seguinte: se não tiver um Chávez vão ter que inventar um, porque o povo está de cabeça quente. Chávez fala grosso porque o povão, aquela imensidão de gente, quer que ele fale grosso.“.
O governo de Hugo Chávez deu assistência mínima à população mais pobre, fazendo com que esta passasse a “não mais ser invisível”. E, principalmente, deixa bem claro que está ao lado dos pobres, ao contrário dos governos anteriores.
Com a reeleição ilimitada, Chávez certamente será candidato em 2012, e depois em 2018, já que mais de uma vez disse que “para consolidar a Revolução Bolivariana” precisaria ficar no governo pelo menos até 2020.
Porém, como ninguém está livre de nada, e se acontecer algum problema que impeça Hugo Chávez de continuar, quem o substituirá? Não há a preocupação de se lançar novas lideranças dentro do próprio partido de Chávez, que possam sucedê-lo sem dificuldades.
E agora que Chávez pode se candidatar à reeleição quantas vezes quiser, provavelmente se pensará ainda menos em alguém que possa dar continuidade a seu projeto a partir do momento em que ele não puder mais ser o presidente.
O problema do Chávez é a dificuldade de produzir um herdeiro confiável e capaz de continuar a obra. Foi assim com o Getúlio no Brasil, o Péron na Argentina e o Fidel em Cuba. Trata-se do velho ditado – embaixo de árvores muito frondosa não nasce grama.
E digo mais: é infinitamente mais fácil, depois de subir no poder, uma figura de direita se manter indefinidamente no poder, de forma democrática…
Caros eu ñ engrosso o discurso da direita de q a Venezuela virou uma ditadura devido à reeleição ilimitada, mas confesso q sou contra a medida por entender q isso pode burocratizar o processo popular, o q seria uma tragédia. Pode até ñ burocratizar o Chávez mas pode burocratizar alguns de seus partidários.
De qq forma espero q Chávez aprofunde de fato a revolução. Há mto o q ser feito por lá, embora o já feito tenha sido o suficiente para a direita e o imperialismo salivarem. Nem o Banco Central foi estatizado ainda.
A reeleição ilimitada não é sinônimo de ditadura. Quem diz isso, acaba se contradizendo, já que nos EUA (sempre vistos como modelo de democracia), Roosevelt ficou 12 anos no governo (e não chegou a 16 porque morreu no início de seu quarto mandato presidencial). Será que os que acusam o Chávez de ser “ditador” vão acusar o Roosevelt?
Assim como vários outros políticos que venceram três ou mais eleições seguidas, como Felipe González na Espanha, Margaret Thatcher e Tony Blair no Reino Unido…
Aqui no Brasil, tivemos um ditador que ficou dois anos e meio no poder: Costa e Silva (de março de 1967 a agosto de 1969). Na Argentina, em sete anos (1976-1983) houve mais de um ditador, e 30 mil mortos e desaparecidos.
O regime só é democrático para a direita qdo vencem seus pares. Eles tinham a cara-de-pau de dizer q Porto Alegre tinha virado uma ditadura qdo o PT ganhou as sucessivas eleições sendo q sequer concorria o mesmo candidato a reeleição.
Alguns cientistas políticos vivem a dizer q as instituições democráticas no Brasil são sólidas enqto q nos nossos vizinhos elas estão fragilizadas. Daí olhamos para dentro destas instituições e vemos a troca de favores políticos e financeiros entre o Executivo e o Legislativo, mensalões e o STF com um doutor q solta corrupto. Parece q nossas instituições são sólidas é para proteger políticos e empresários corruptos…
A Venezuela é um país democrático há mais tempo do q o Brasil q resolveu ampliá-la da solidez das instuitições protetoras de corruptos para a população em geral q tem a oportunidade de escolher os rumos dos país aprovando suas leis ao invés de um Congresso debaixo de mensalão.
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Getúlio não teve dificuldade de produzir um herdeiro de confiança.
Ele foi um verdadeiro ditador entre 1930 e 1945, perseguiu os movimentos dos trabalhadores e foi o grande patrono do tipo que modernização conservadora que sempre tivemos.
O Brasil industrializou-se e urbanizou-se, mas continuou reproduzindo um sistema de terríveis desigualdades e oligarquias muito poderosas. Em 1954 o velho não conseguiu mais driblá-las.
Tinha herdeiros políticos em João Goulart e Brizola, contra os quais os milicos deram o golpe.
O Vargas foi tão forte que a política nacional se pauta pelo governo dele até hoje (FHC falava em superar o seu legado político, nada menos que 50 anos depois).
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