Das maluquices da FGF

Em 1994, pela última vez o Campeonato Gaúcho foi disputado no sistema de pontos corridos, em turno e returno. Bem que podia voltar a ser assim, né? Deve ter sido um campeonato bacana.

O pior é que não foi. Pois o Gauchão de 1994 foi o mais longo (e pior) de todos os tempos, e por isso recebeu da imprensa a justíssima alcunha de “O Interminável”. Começou no dia 5 de março, e foi acabar só em 17 de dezembro. Foi um festival de absurdos: 23 participantes, 506 jogos, com Copa do Mundo e Brasileirão em andamento…

Por conta do Gauchão ocorrer em meio a tantas competições, o Grêmio não teve alternativa que não fosse simplesmente deixar o estadual em enésimo plano. Afinal, ganhou a Copa do Brasil (cuja decisão foi em agosto), disputou a Supercopa dos Campeões da Libertadores (sendo eliminado pelo Independiente em meados de outubro) e a Copa Conmebol (sem passar do “expressinho” do São Paulo na primeira fase). Além, claro, do Campeonato Brasileiro, com o qual esteve envolvido até novembro.

O resultado disso foi um grande número de partidas atrasadas quando 1995 já batia à porta. E só houve um jeito do Grêmio poder disputar todas (caso contrário as perderia por WO): jogar três delas na mesma tarde.

E o pior é que não foi uma tarde qualquer: o dia 11 de dezembro de 1994 foi de muito calor em Porto Alegre, com temperatura máxima de 38°C. E o primeiro jogo começou às 14h – não por acaso, acabou em 0 a 0.

Vários anos depois, novamente um jogo de Gauchão no Olímpico “cozinhou” os jogadores. Na tarde de 3 de fevereiro de 2010, uma quarta-feira (e não era feriado!), a temperatura máxima em Porto Alegre foi, oficialmente, de 38,1°C; mas estação próxima ao Olímpico apontou 41,3°C na hora em que Grêmio e São Luiz de Ijuí jogavam. Porém, o que todo mundo lembra daquele jogo, claro, é do famoso desmaio.

Logo, penso que a ideia de levar o Gre-Nal da primeira fase do Gauchão 2012 para Boston, nos Estados Unidos, só pode ser uma “compensação” ao Grêmio por parte da Federação Chilena Gaúcha de Futebol (FGF). Depois de fazer o Tricolor jogar tantas vezes sem necessidade debaixo de um sol inclemente, agora o objetivo é que o Grêmio volte a disputar uma partida de Gauchão na neve, assim como em 1979.

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Sobre o “Gre-Nal de Boston”, agora falando sério: isso é “valorizar o Gauchão”? Ainda acho que o melhor seria seguir a minha proposta, de um torneio curto “em nome da tradição” (semelhante ao de 2002). Porém, desde que foi adotada a atual fórmula do Campeonato Brasileiro, que faz o nacional ocupar mais espaço no calendário em comparação à “era formulista”, nunca o Gauchão foi tão “interminável” quanto em 2011: a final foi apenas em 15 de maio. E o calendário do futebol brasileiro para 2012 será semelhante. Nos preparemos.

Aliás, “interminável” também será a hipotética viagem dos jogadores até os EUA para jogarem o Gre-Nal – mais longe do que ir até o México para uma partida de Libertadores. E só imagine o choque térmico: eles sairão de nossa “fornalha” direto para a “geladeira”, já que a temperatura média de fevereiro em Boston é de 0°C.

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